O Idoso Que
Pediu Lápis de Cor e a Anciã Que Sonhou Com um Cartão de Natal
O Natal está
se aproximando e, neste ano, diversos asilos de idosos tiveram a ideia de
fotografar os velhinhos segurando cartazes com seus pedidos. Assim os retratos
dos anciões pararam nas redes sociais. Dentre estes cartazes dois me chamaram
muita atenção: primeiro foi de um idoso pedindo um caderno de desenho com uma
caixa de lápis de cor e o outro foi de uma senhora querendo um cartão de Natal
assinado por qualquer pessoa. No meio de tantas pessoas que pediram objetos de
consumo como: roupas, perfumes e aparelhos eletrônicos, duas se destacaram por
pedidos tão simples. Então tratei de pesquisar sobre estes velhinhos.
Deste jeito
consegui contato com um ex-funcionário que trabalhou no abrigo onde está o
senhor que pediu o caderno com lápis de cor. Assim para preservar a identidade
destas personagens da vida real, não revelarei os nomes delas. Bem, o
funcionário disse que o respectivo ancião é meigo, tem habilidade para Artes Plásticas
e sempre sonhou em ser artista. Também conversei com um empregado do asilo onde
está a senhora que pediu um cartão natalício e segundo este funcionário a
família não vê esta velhinha há mais de vinte anos. Segundo ele, esta senhora
gosta de ler e escrever, ela é tão sensível com as palavras que chega a chorar
quando lê os livros de Romance.
Estes
pedidos simples, porém cheios de significados, demonstram o alto grau de inteligência
espiritual destes idosos. No caso do senhor que desejou o caderno com lápis,
ele demonstrou conhecer que a Arte é o verdadeiro caminho para a vida eterna e
que uma simples caixa de lápis de cor é capaz de colorir uma vida que foi
marcada pelo abandono. Com relação à senhora que pediu um cartão de Natal, ela
passou uma mensagem atual. Na época em que as pessoas se relacionam virtualmente,
este pedido mostrou que nada substitui o calor humano e uma caligrafia poética
num lindo cartão. Isto me lembrou a música chamada A Kind of Christmas Card do
cantor Morten Harket, antigo vocalista da banda A-há, onde na letra da canção apesar
da confusão do dia-a-dia, ele conseguiu tempo para escrever um cartão de Natal
e isto trouxe recordações significativas da infância.
Por isto
torço sempre por um final de ano com menos sonhos eletrônicos e com mais
poesias que só existem em uma caixa de lápis de cor, ou, mesmo em um cartão de
Natal.
Luciana do Rocio Mallon
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