Lenda do
Cupido Eletrônico do Shopping Mueller e o Mistério do Toby
No começo
dos anos 90, eu era uma adolescente tímida e feia que não conseguia arrumar
namorado. Naquela época não existiam redes sociais e nem aplicativos de namoro,
só havia o programa Love Songs, do locutor Vargas, para unir casais.
O mês de
junho se aproximava e de repente, no intervalo do programa de rádio, escutei um
comercial:
- Tem
dificuldade em encontrar a alma gêmea?
- Possui
problemas com timidez?
- O Cupido Eletrônico
acabou de chegar ao Shopping Mueller e pode dar uma forcinha para você!
- Ele é uma
máquina, onde você escreve suas características e o sistema acha a pessoa ideal
para o seu coração!
Assim logo
me interessei e fui até o centro comercial. Quando cheguei lá, na parte de
baixo onde ficava o parque de diversões, perguntei à funcionária onde estava
localizado o tal de Cupido Eletrônico. A moça apontou para uma fila onde tinha
um aparelho em formato de cupido.
Quando
chegou a minha vez, a tela da máquina me fez várias perguntas que respondi e no
final ela imprimiu uma folha onde estava escrito: Pretendente Ideal. Na ficha
existiam as seguintes informações:
Nome: Toby
Oliveira.
Gosto
musical: Rock.
Passatempo
preferido: Escrever poemas e tocar violão.
Namorada que
gostaria de ter: tímida, estudiosa e uma verdadeira ursa cheia de sonhos.
Telefone:
253-XXXX.
Assim fiquei
empolgada e liguei para o número:
- Alô!
- Por favor,
o Toby está?
Uma criança
atendeu e respondeu:
- Ele está
em cima do armário, com os outros brinquedos.
Assim,
indaguei:
- Poderia me
chamar o Toby?
A menina
explicou:
- Não
consigo alcançar o armário e pegar o Toby para você.
Depois desta
explicação confusa, resolvi desligar o telefone.
Desta forma,
decidi descobrir detalhes sobre o meu pretendente de outra maneira. Peguei a
lista telefônica e procurei todos os Tobys, mas não existia ninguém com este
nome. Depois, folhei outras páginas, fui ao sobrenome Oliveira e achei uma
Maria Oliveira que tinha o mesmo número que estava na ficha do Cupido
Eletrônico. Assim pensei que a tal Maria pudesse ser a mãe do meu pretendente.
Porém o bom das listas, de antigamente, é que elas vinham com o endereço junto.
Desta forma,
bem no Dia dos Namorados, peguei o ônibus para observar meu futuro namorado com
mais detalhes. Deste jeito parei ao lado da casa e vi uma menina com um urso de
pelúcia, prestes a sair de carro com seus pais e um irmão.
De repente,
sua mãe exclamou:
- Patrícia,
deixe o Toby em casa!
A menina
concordou:
- Deixarei o
urso em cima da minha cama.
Sem querer
exclamei:
- Toby é um
urso de pelúcia?!
O irmão, da
garota, ao ver minha reação saiu do carro e se aproximou de mim:
- Sim!
- Toby é um
urso!
- Por que
você está chorando?
Então eu
comentei:
- Não se
preocupe, eu sou boba mesmo...
O menino
gritou:
- Patrícia,
dê o Toby para a moça!
- Acho que
ela está chorando porque não tem ursinho de pelúcia!
Desta
maneira eu confessei:
- Na verdade
pensei que Toby fosse um menino que o Cupido Eletrônico, do Shopping Mueller, indicou para ter uma história de
amor comigo.
O garoto
explicou:
- A Patrícia
pediu para que eu fizesse uma ficha do Toby na máquina porque ela disse que o
urso estava muito sozinho.
Como um raio
Patrícia pegou o urso e me entregou. Deste jeito olhei para os rostos dos pais
das crianças que me fizeram sinal de aprovação.
Aquele foi o
melhor presente de Dia dos Namorados que ganhei.
Luciana do
Rocio Mallon
Nenhum comentário:
Postar um comentário