Lenda da Cigana
do Parque Alvorada
Reza a lenda
que na época do Brasil-Colônia, quando Curitiba ainda se chamava Nossa Senhora
da Luz, uma cigana chegou neste lugar. O nome dela era Úrsula. O problema é que
ela gostava de crianças, mas não conseguia engravidar. Por isto esta moça foi
discriminada pelo seu clã e fugiu, com um baú com tesouros, num navio rumo à
América Latina.
Assim cigana
montou uma casa na Vila Nossa Senhora da Luz, onde trabalhava com leitura de
tarô e fazia bicos como babá, já que levava muito jeito com crianças. Ela vivia
cantando a música:
“ Cigana, eu
sou
Cigana, eu
quero ser
Eu sou
cigana, filha das estrelas
Perseguida
pelo mundo
Mas sem medo
de lutar.”
Numa noite,
Ursula escutou gritos de uma menina. Então abriu as janelas e viu um homem
perseguindo a pobre. Deste jeito a cigana correu atrás do rapaz, que atacou a
moça com uma faca. Assim Ursula morreu.
O tempo
passou e até que no século vinte, nos anos sessenta, o parque Alvorada foi
inaugurado, perto daquele local, em frente ao Passeio Público.
Nos anos oitenta,
aquele parque virou um depósito de crianças. Pois quando pais irresponsáveis
queriam se divertir, aos sábados e domingos, deixavam seus filhos o dia inteiro
no parque e só buscavam os pobres à noite.
Porém havia
uma figura que sempre aparecia por lá, era uma moça conhecida como Cigana do
Parque Alvorada, que brincava com as crianças e lia tarô para os adultos. As
más línguas diziam que ela era um espírito que morava no trem-fantasma daquele
local.
No final dos
anos 80, eu tinha uma amiga chamada Tati, que sonhava em conhecer seu pai.
Porém sua mãe se negava a contar este segredo. Tati vivia dizendo:
- No Natal e
no meu aniversário minha mãe sempre contrata um senhor para se vestir de Papai
Noel e palhaço.
- Como eu
queria que ele fosse meu pai!
Num dia de
primavera, fomos a o Parque Alvorada. De repente vi duas meninas chorando.
Então uma moça, de roupa espanhola, chegou perto das garotas e perguntou:
- Por que
estão chorando?
As garotas
responderam:
- Porque
nossos pais não vieram nos buscar até agora.
A mulher
falou:
- Daqui a
pouco eles aparecem!
- Vamos
brincar?
Desta
maneira observei estas pessoas brincando. Mas no meio dos jogos notei que a
moça tirou um baralho do bolso da saia e começou a ler a sorte das pequenas.
Deste jeito falei à Tati:
- Olhe, uma
cigana!
- Talvez ela
saiba quem é o seu pai.
Então eu e
minha amiga nos aproximamos da moça. Assim perguntei:
- A senhora
poderia jogar as cartas para minha colega?
A cigana
respondeu:
- Sim!
- Por favor,
escolha uma carta, menina!
Desta forma
Tati escolheu uma carta. Então a cigana virou a peça e surgiu a figura de um palhaço
com uma trouxa de roupas nas costas. Deste jeito a moça explicou:
- Saiu a
carta do louco!
- Aquele
homem que se veste de Papai Noel e palhaço é o seu pai!
Ao escutar
isto, Tati saiu correndo para sua casa e gritou com sua mãe:
- Eu sei que
aquele senhor que se veste de palhaço e Papai Noel é o meu pai!
A mulher
perguntou:
- Como você
descobriu?
Ela
respondeu:
- A cigana
do Parque Alvorada comentou.
O tempo
passou. Hoje o Parque Alvorada não existe mais. Pois uma parte virou comércio e
outra se transformou em estacionamento. Porém até hoje comerciantes afirmaram
que sempre notam o fantasma de uma cigana no local.
Luciana do
Rocio Mallon
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