segunda-feira, 26 de setembro de 2016

O Banheiro da Poesia

O Banheiro da Poesia

O nobre banheiro da Poesia
Retira toda a cruel agonia
Porque lá os raros azulejos
São feitos de suaves beijos

Que um dia se espalharam pelo ar
Mas viraram cerâmica delicada
Por causa da força infinita de amar
Que tem no coração de cada fada!

Neste toalete existe uma pia
Onde as águas são feitas de lágrimas
Derramadas em uma eterna terapia
Que abriram as janelas das dádivas

O papel higiênico é um caderno
Onde a pessoa pode escrever
Sobre o sentimento mais fraterno
Que não se acaba logo ao amanhecer

Aliterações formam as gotas do chuveiro
Metáforas são as costuras das toalhas
Os versos são sabonetes por inteiro
Que corrigem a pele em suas falhas

As borboletas multicores do estomago
São liberadas na mais humilde privada
Com a paixão do fundo do âmago
Que sai perfumada após a descarga!

O bidê lava as partes proibidas
Com duchas constituídas de versos
Capazes de curar as tristes feridas
Provocadas por monstros perversos

Na banheira de hidromassagem
Há um barco de papel no cais
Onde o espírito faz uma viagem
No aroma secreto dos sais

O nobre banheiro da Poesia
Retira toda a cruel agonia
Basta abrir a sagrada pia
Pois escrever é uma terapia.
Luciana do Rocio Mallon








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