terça-feira, 27 de setembro de 2016

Aquele Dia Em Que Eu Quase Fui Atropelada Para Salvar um Poema Seu

Aquele Dia Em Que Eu Quase Fui Atropelada Para Salvar um Poema Seu
Você foi meu primeiro namorado
Mas nunca lhe contei isto, que agonia!
O importante era que você me procurava todo o dia
Era bom sempre estar ao seu lado
Seu toque era a mais doce alegria

Você era da matéria e, ao mesmo, tempo do templo
Eu era do espírito, por isto, não gostava de pegada
Porém seu toque, eu liberava com sentimento
Eu não era mulher, apenas uma fada alada
Sua lembrança virou um eterno momento

Porém um dia, na minha frente, você me traiu
Tentando conquistar outra musa
Deste jeito, um raio, no céu surgiu
De dentro da nuvem mais obtusa

Pensei que você tinha desistido de mim
Então voltei para a minha solidão eterna
Ficar só nunca foi cruel e nem ruim
Eu apenas queria uma amizade fraterna

Mas você resolveu vender seus poemas
Em cartões, à mão, no centro da cidade
Numa cesta com cheiro de alfazemas
Então você encontrou a felicidade

Um dia você me viu no meio da rua
Numa ensolarada e misteriosa sexta
Porém eu me neguei a entrar na sua...
Não me senti como um poema em sua cesta

No meio da briga, um poema foi carregado pelo vento
Isto causou, no meu espírito, um cruel tormento
De repente, corri atrás do poema na cartolina
Porém quase fui atropelada por uma Belina

O carro freou, mas consegui o seu poema
Arriscar-me por amor nunca foi problema!
Então você apertou meus seios, contra o muro, para que eu não fosse embora
Mesmo assim eu saí correndo porque chovia muito Curitiba afora
Porém, isto não foi uma despedida e muito menos “um fora”

Ainda me lembro daquele dia entre a claridade e o breu
Onde quase fui atropelada para salvar um poema seu.
Luciana do Rocio Mallon









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