Aquele Dia
Em Que Eu Quase Fui Atropelada Para Salvar um Poema Seu
Você foi meu
primeiro namorado
Mas nunca
lhe contei isto, que agonia!
O importante
era que você me procurava todo o dia
Era bom
sempre estar ao seu lado
Seu toque
era a mais doce alegria
Você era da
matéria e, ao mesmo, tempo do templo
Eu era do
espírito, por isto, não gostava de pegada
Porém seu
toque, eu liberava com sentimento
Eu não era
mulher, apenas uma fada alada
Sua
lembrança virou um eterno momento
Porém um dia,
na minha frente, você me traiu
Tentando
conquistar outra musa
Deste jeito,
um raio, no céu surgiu
De dentro da
nuvem mais obtusa
Pensei que
você tinha desistido de mim
Então voltei
para a minha solidão eterna
Ficar só
nunca foi cruel e nem ruim
Eu apenas
queria uma amizade fraterna
Mas você
resolveu vender seus poemas
Em cartões,
à mão, no centro da cidade
Numa cesta
com cheiro de alfazemas
Então você
encontrou a felicidade
Um dia você
me viu no meio da rua
Numa
ensolarada e misteriosa sexta
Porém eu me
neguei a entrar na sua...
Não me senti
como um poema em sua cesta
No meio da
briga, um poema foi carregado pelo vento
Isto causou,
no meu espírito, um cruel tormento
De repente,
corri atrás do poema na cartolina
Porém quase
fui atropelada por uma Belina
O carro
freou, mas consegui o seu poema
Arriscar-me
por amor nunca foi problema!
Então você
apertou meus seios, contra o muro, para que eu não fosse embora
Mesmo assim
eu saí correndo porque chovia muito Curitiba afora
Porém, isto
não foi uma despedida e muito menos “um fora”
Ainda me
lembro daquele dia entre a claridade e o breu
Onde quase
fui atropelada para salvar um poema seu.
Luciana do
Rocio Mallon
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