Lenda do
Galo Mágico da Escola
Nos anos 70,
na área rural de uma cidade da região metropolitana de Curitiba, havia uma
escola que atendia aos filhos dos agricultores.
Reza a lenda
que um certo dia, o diretor que era uma pessoa solitária, orou, dentro do
colégio, para que o Papai do Céu lhe mandasse uma companhia.
Então,
naquele instante, ele escutou um piado de pintinho que via do pátio da escola.
Assim, o homem adotou o bicho que foi criado no próprio colégio. As crianças
gostavam muito deste galináceo, por isto ele passou a ser o animal de estimação
e a mascote oficial da escola.
Mimi, uma
aluna do jardim-de-infância, batizou o bicho com o nome de: Abençoado.
O galo
cresceu em beleza, pois tinha as penas coloridas como as cores do arco-íris.
Alguns anos
se passaram e num certo período, houve tempestades com enchentes muito fortes,
que acabaram matando animais, destruindo lavouras e derrubando barreiras nas
estradas. Por causa da escassez de alimentos, a tradicional merenda escolar
precisou ser suspensa. Porém, o problema é que poucos alunos ficaram com o que
comer em casa.
Por isto,
numa noite fria, três alunos adolescentes do segundo grau: Zezão, Ricardão e
Pompão, pularam o muro da escola, pegaram o galo e fizeram galeto na churrasqueira
do próprio colégio.
Quando o
diretor chegou à escola, deu falta do animal. Então, saiu perguntando para
todos:
- Onde está
meu galo colorido?
Depois de
alguns minutos de busca, a zeladora achou restos de galináceo na churrasqueira
do colégio e todos puderam comprovar que se tratava da mascote por causa dos
pelos coloridos no chão.
Mas, o
diretor viu um relógio que estava caído no solo e teve certeza de que o objeto
pertencia a um estudante do segundo grau. Mesmo assim, ele tratou de fazer uma
cerimônia de enterro, do bicho, com todos os alunos, no jardim do colégio.
Durante a
cerimônia, as crianças pequenas choraram muito. Após isto, o diretor convocou
em voz alta a presença de Zezão no seu gabinete. Porém, Mimi, que já era uma
estudante do primário, desconfiou da situação e seguiu os dois para ouvir a
conversa atrás da porta.
O educador falou:
- Eu sei que
foi você e alguns comparsas que mataram Abençoado para fazer galeto. Pois,
achei uma prova do crime: este relógio importado do Paraguai que só você tem.
O aluno
disse:
- Confesso:
- Eu e meus
amigos, Ricardão e Pompão, comemos o galo. Mas, é porque estávamos com muita
fome...
- Sabe, a
chuva destruiu plantações e matou animais...
Após estas
palavras, Mimi saiu gritando:
- Os
bandidos que mataram o galo foram: Zezão, Ricardão e Pompão!
- Um deles
confessou tudo agora no gabinete do diretor!
Desta
maneira, a população enfurecida entrou na sala do diretor e começou a espancar
Zezão.
Ricardão e
Pompão tiveram as casas invadidas e, também, foram linchados pelas pessoas.
A polícia
teve que intervir e levar os três para a cadeia. Naquele instante uma mãe, de
uma aluna, exclamou:
- Minha
filha chora o tempo inteiro por causa da morte deste galo!
Deste jeito,
os três rapazes mudaram de cidade pela própria segurança.
No sétimo
dia do aniversário de falecimento de Abençoado, o diretor foi até o jardim onde
o animal estava enterrado e viu que o túmulo foi mexido. Então, ele olhou para
o alto da escola e avistou um galo-dos- ventos de madeira, todo colorido.
Naquele
segundo, Mimi apareceu e explicou:
- Olhe só, professor:
- Abençoado
virou um galo-dos-ventos.
- Eu sei
disto porque vi o bicho saindo de dentro da terra e voando até o telhado.
Reza a lenda
que esta escola ainda existe e que nas noites de Lua cheia, este galo de madeira
transforma-se em um bicho de verdade e canta três vezes quando chega a
meia-noite.
Luciana do
Rocio Mallon
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