Lenda da Mulher Que, Em Época de Corona, Obrigou a Vizinhança a Dançar na Sacada No Aniversário da Filha
Dona Lili adorava mimar a filha. Por isto dava grandiosas festas de aniversário. Ela também prezava muito pela segurança de sua família, tanto que instalou câmeras em todas as partes da casa e também aparelhos que vigiavam os vizinhos do conjunto residencial de luxo, cheio de sacadas, onde morava. O lema de Lili era:
“Orai e vigiai.”
Mas o Corona Vírus chegou à cidade e o aniversário de sua filha, Tetê, se aproximava. Ela explicou à garota:
- Este ano minha renda baixou e não poderei convidar ninguém devido ao isolamento social que as precauções com o Corona exigem.
Porém, Tetê disse:
- Terá festa, sim!
- Ontem, eu sonhei que os vizinhos dançavam na sacada para mim ao som da Kombi do sonho.
Assim Lili teve uma ideia: contratou um carro de telemensagem e pediu para que as pessoas deixassem cartazes de Parabéns na porta de casa. Porém, por causa das câmeras para a rua, ela descobriu todos os podres dos vizinhos. Deste jeito, ela mandou mensagens nos celulares dos conhecidos próximos assim:
- Bel, dance na sacada no dia do aniversário da minha filha. Pois se não fizer isto direi ao seu marido que você tem amantes. Afinal, minha câmera captou as mensagens.
- Zé eu sei que você acende um cigarro do Diabo quando sua mãe, evangélica tradicional, sai de casa. Aliás, tenho imagens. Então, dance na sacada no dia do aniversário da minha filha.
Deste jeito, ela passou a fazer chantagens, da mesma forma acima, com todos os vizinhos próximos.
Quando chegou o aniversário da garota, uma van de telemensagem apareceu, pessoas deixaram cartazes com mensagens de parabéns na porta junto com presentes. De repente o carro de telemensagem começou a tocar funk e naquele mesmo instante os vizinhos passaram a dançar nas sacadas.
Tetê ficou encantada e sua mãe tirou várias fotos, do aniversário solitário, de sua filha.
Luciana do Rocio Mallon
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