sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Enterrei Meu Caderninho de Pecados, Atrás da Igreja e Nasceu uma Pimenteira

 

Enterrei Meu Caderninho de Pecados, Atrás da Igreja e Nasceu uma Pimenteira

Em 1984, aos 10 anos de idade, fiz catequese na cidade de Curitiba. Em dezembro, no final, do ano a catequista deu uma aula sobre confissão. Assim ela, uma semana antes da primeira comunhão, disse que deveríamos falar todos os nossos pecados ao padre, no sábado à tarde, para realizar a primeira comunhão no domingo de manhã. Pois quem não falasse todas as coisas erradas, que realizou, não poderia tomar a hóstia. Então perguntei:

- E quem tem muitos pecados, como faz para não esquecer?

A professora disse:

- Basta comprar um caderno de rascunho, dias antes, escrever todos os pecados que lembrar e depois ler para o padre tudo o que escreveu.

Deste jeito pedi um caderno para minha família e falei que era para uma tarefa da primeira comunhão. Assim, pouco a pouco, fui escrevendo meus pecados, que variavam de xingar o cachorro da vizinha até jogar o par de tênis velho no fio de luz. Porém, com medo que minha família descobrisse meus erros, eu escondia a brochura debaixo do colchão.

Finalmente, chegou o dia da confissão, entrei com meu caderno no confessionário e li, praticamente, cinquenta páginas. No final, o padre me mandou rezar várias orações. Depois da penitência resolvi enterrar o caderno numa horta abandonada atrás da igreja. Após este ato, uma idosa se aproximou de disse:

- Sempre nasce pimenteira onde enterram pecados. Isto é sinal de que a pessoa vai para o Inferno.

Domingo fiz minha primeira comunhão. O ano de 1985 veio e passou. Já em 1986 minha família foi transferida para Brasília. Porém, em julho de 1988, voltei para Curitiba e fui à missa na igreja onde fiz minha primeira comunhão. Mas antes visitei a antiga horta, que não estava mais abandonada, e vi que tinha uma pimenteira no local onde o caderno foi enterrado. De repente, uma moça se aproximou e disse:

- Esta pimenteira está bonita e tem até flores!

- Sabe que ano passado eu via uma menina, parecida com você, que tentava sempre arrancar a pimenteira pela raiz?

Porém respondi:

- Não poderia ser eu, porque eu estava morando em Brasília desde 1986 e só volta para Curitiba, agora.

Desde jeito perguntei a mim mesma:

- Será que existe fantasma de gente viva?

Luciana do Rocio Mallon

 


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