Hoje a Maria
Mulambo e a Maria do Bairro Baixaram em mim, Então Revirei a Lixeira da Praça
Hoje fui
colocar o saco de lixo na lixeira residencial da minha casa. Então olhei para a
praça, em frente, e vi que as lixeiras, de lá, estavam repletas de objetos
interessantes que foram jogados fora. No mesmo instante começou a tocar a
música da novela Maria do Bairro no meu ouvido. Tentei resistir, mas tive a
sensação que outra personagem, a entidade Maria Mulambo, insistia em me guiar
até o local.
Desta forma
fui até as lixeiras, da praça, e achei copos de plásticos inteiros e blusas
rasgadas. Não resisti e levei as coisas rejeitadas para casa. Afinal, é como
diz o ditado: “Objeto no lixo não é roubado, quem jogou é porque é abastado.”
Logo
lembrei-me, que curto aproveitar objetos que os outros jogam no lixo desde a
infância. Nos anos oitenta, gostava quando a professora, de Educação Artística,
pedia para que os alunos conseguissem palitos de sorvetes e espetinhos de
madeira usados para os trabalhos de artesanato. Pois logo eu tratava de
procurar estes produtos nas lixeiras das lanchonetes da região. Normalmente, em
um dia, eu conseguia material suficiente. Havia colegas que preferiam comprar
os palitos prontos. Mas eu curtia fuçar os lixos porque era uma verdadeira
aventura para mim.
Nos anos 90,
quando eu estava na faculdade, gostava quando havia trabalhos nos bairros Batel
e Jardim Social. Pois ao fuçar as lixeiras nestes locais, consegui encontrar
até livros raros que ajudaram na minha formação intelectual. Num saco plástico
achei até uma edição antiga de um livro de poemas do Mallarmé em Francês.
Numa tarde
de primavera, uma conhecida me viu catando lixo e logo gritou:
- Baixou a
Maria Mulambo!
Na época eu
não liguei para o comentário e nem sabia quem era a tal da Maria Mulambo, até
pensei que fosse personagem de novela mexicana do SBT. Depois ao pesquisar Lendas
e Folclore com mais cuidado foi que descobri que Maria Mulambo tratava-se de
uma entidade de uma moça que catava lixo.
Com o lixo que
achei, hoje, transformei os copos plásticos em regadores e as blusas rasgadas
em panos de chão.
Porém confesso
que, atualmente, só mexo em lixos abandonados quando estou inspirada e escuto
aquela música da Maria do Bairro em meu ouvido.
É como diz o
ditado:
“- Se sua
vida é um lixo, então recicle tudo ao seu redor.”
Luciana do
Rocio Mallon
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