Lenda de
Primaverina do Leite do Orfanato e a Expressão Moça de Família(Corrigida)
Há muitos
anos, uma jovem teve uma filha. Mas como era pobre e mãe solteira deixou o bebê
na roda dos enjeitados do convento das freiras que tinham um orfanato de
meninas atrás deste estabelecimento.
Então uma
irmã de caridade recolheu a criança. Como isto aconteceu numa noite de
Primavera, a garota foi batizada como Primaverina.
Já na
infância, a irmã Severa aconselhava:
- Tratem de
estudarem para ser freiras também.
- Nunca
sonhem com casamentos. Pois só as moças de família casam. Muitas de você são
filhas de mães solteiras.
Deste jeito
Primaverina comentou:
- Moças de
família são as que têm família, né?
- Então
somos garotas de orfanato...
- Mas,
meninas órfãs não têm direito de amar?
- Se eu for
adotada por uma família, daí poderei
casar?
- Pois se eu
tiver pais, mesmo que adotivos, serei de família, né?
Deste jeito,
a irmã ralhava:
- Fique
quieta, Primaverina!
Com o passar
do tempo, esta garota notou, através da janela, que um belo moço deixava uma
caixa de leite em frente ao orfanato.
Desta
maneira, ela pensava olhando para a constelação do Cruzeiro do Sul:
- Se eu
fosse adotada, poderia me casar com este filho do leiteiro. Pois, eu seria de
família.
Naquele dia,
ela sonhou que uma estrela saiu da constelação e disse a ela:
- Sou a estrela
Intrometida, do Cruzeiro do Sul e transformarei seu sonho em realidade, sem ao
menos, você precisar de uma família adotiva!
O tempo
passou e quando Primaverina chegou à adolescência, recebeu novas tarefas no
orfanato. E uma delas era pegar a caixa que o leiteiro deixava, em frente ao
estabelecimento, às cinco da manhã.
Logo, a
donzela fez amizade com o rapaz e começaram a trocar poemas e livros.
Então o moço
resolveu pedir a mão de Primaverina em casamento para a madre superiora, que
falou que isto seria impossível porque a garota era pobre e não teria como
pagar o dote.
Assim
Setembrina viu no jornal que haveria um concurso de beleza e que a vencedora
ganharia uma joia que era o valor do dote. Desta maneira, a jovem perguntou à
madre superiora:
- Posso
participar de um concurso de beleza?
- Pois, o prêmio
é valor do dote para me casar com o filho do leiteiro.
Desta
maneira a irmã de caridade ralhou:
- Moças de
família não participam de concursos de beleza!
Porém,
Setembrina participou às escondidas, ganhou a joia, foi até a casa do amado e
deu o prêmio como dote.
Depois do
matrimônio ela passou a dar um desconto maior para o orfanato e ofereceu cursos
profissionalizantes às órfãs.
Numa
madrugada de primavera, esta mulher desmaiou na carroça enquanto vendia leite.
Mas reza a lenda que toda a noite de Natal, Setembrina distribui garrafas de
leite, gratuitamente, em orfanatos e abrigos de crianças carentes. Sem falar
que com suas garrafas mágicas, esta moça joga os pingos de leite no universo,
renovando a Via-Láctea.
Luciana do
Rocio Mallon
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