Meu Pedido
de Aniversário Para 2017
Como alguns
dos meus amigos sabem, meu aniversário é nesta semana. Então alguns colegas já
me perguntaram:
- O que você
gostaria de ganhar de presente de aniversário?
Eu respondo:
- Na
realidade eu gostaria de falar, pessoalmente, com um amigo que não vejo desde
2002. Inclusive, ele veio para Curitiba, ano passado. Porém foi impedido de
entrar em contato comigo por causa de fofocas e intrigas.
Porém, antes
de manifestar este meu pedido por inteiro, gostaria de comentar sobre a Lenda do Anjo do
Aniversário. Pois este conto explica grande parte desta minha atitude, que me
levou a fazer um pedido de aniversário, tão especial, nas redes sociais:
Na Idade
Média, existia a Lenda do Anjo do Aniversário. Naquela época diziam que ele era
uma entidade que realizava pedidos impossíveis dos aniversariantes. Mas para
isto, era necessário que o ser humano espalhasse sobre o objeto que ele
gostaria de ganhar para o maior número de pessoas, dias antes do seu
aniversário. Por exemplos: a criatura poderia fazer um discurso em praça
pública pedindo o seu presente, ou, colocar cartas debaixo das portas das
pessoas mais abastadas com o seu desejo por escrito. Pois, assim, o Anjo do
Aniversário mediria o esforço e o merecimento do aniversariante para conseguir
realizar seu sonho. Eu, acredito, no Anjo do Aniversário porque ele me ajudou a
realizar desejos, praticamente, impossíveis bem nesta data. Porém para isto,
precisei espalhar meu pedido pelo ar. Assim estou fazendo a mesma coisa agora.
Como
comentei acima, o meu melhor presente de aniversário seria conversar,
pessoalmente, com um amigo que não vejo desde 2002. Porém explicarei esta
história, direitinho, abaixo:
Durante a
adolescência eu era uma garota fora dos padrões de beleza: obesa, nariz
comprido, pele oleosa, cabelo crespo e masculinizada. Desta maneira eu sofria
bullying. Geralmente minhas colegas me chamavam de: gorda, baleia, barril,
sapatão, etc. Porém uma atitude que me magoava mesmo era quando as meninas
bonitas, que tinham namorados e noivos, chegavam para mim, mostravam seus anéis
de noivado e diziam:
- Sabe
quando você terá um anel destes?!
- Nunca!
- Pois você
é feia!
- Nenhum
homem vai querer namorar você!
Estas
palavras me rasgavam por dentro. Deste jeito, cresci achando que nunca teria um
namorado na vida real e que nunca me casaria.
Naquela
época eu tinha um amor platônico, sem contato físico, que durou até meus 27 anos,
quando, finalmente, me declarei e a pessoa fingiu que nunca me conheceu.
No dia 19 de
maio de 2001, meu aniversário, fui convidada para conhecer um grupo de poetas num
shopping, aqui de Curitiba, já que sou repentista.
Então me
sentei num local discreto. Logo avistei um garoto loiro parecido com o cantor
Kurt Cobain do Nirvana. Logo pensei em voz baixa:
- Aquele lá
tem a cara do vocalista do Nirvana.
- Bem, acho
melhor nem olhar muito. Pois o Kurt Cobain nunca daria bola para mim.
De repente,
a coordenadora me pediu para ir até o palco e me apresentou como repentista.
Assim eu disse:
- Bom dia!
- Quem
quiser, pode pedir uma palavra, que eu farei um poema com o tema sugerido.
De repente o
garoto parecido com o vocalista do Nirvana, exclamou:
- Jesus!
No mesmo
instante, eu falei um poema mais ou menos assim:
- Ele veio
do céu, seu nome é Jesus
Veio para
espalhar fé e luz
Na esperança
que a todos conduz
Por isto ele
morreu na cruz.
Deste jeito
as pessoas aplaudiram e o público sugeriu outros temas. Quando a apresentadora
me pediu para sentar, fui até o local discreto que tinha escolhido. Mas as
moças, que estavam acompanhando o garoto loiro, pediram para que eu sentasse à
mesa deles. Desta maneira conversei com todos até, mesmo com o cover do Kurt
Cobain. Após o evento fui, ao ponto de ônibus, acompanhada de outra admiradora
da Poesia.
O tempo
passou, continuei a frequentar o mesmo grupo. Até que em 2002, perto do meu
aniversário, num outro encontro de poetas, o garoto loiro se queixou que não
sabia mexer com computadores. Como eu estava frequentando uma faculdade que
abria o laboratório de informática para a comunidade, dei o endereço ao jovem e
disse que pretendia ajuda-lo.
Na
segunda-feira ele apareceu e começou a frequentar a sala de Informática todos
os dias. Lá aproveitávamos para falar de nossos problemas e sonhos. Inclusive,
quando este meu amigo estava cansado, sentava no meu colo e dizia que isto
fazia com que ele ficasse calmo.
Um dia, ele
me abraçou e exclamou:
- Agora,
você é minha namorada!
Eu fiquei
braba e indaguei:
- Você está
zoando, né?
Ele deu
gargalhadas e passou a me acompanhar até o ponto de ônibus.
Um dia,
estávamos sem almoçar e meu colega levou um pão de mel e disse:
- Vou
dividir este doce com você.
Desta
maneira comentei:
- Por favor,
não faça isto!
- Pois, é o
seu único almoço.
Mesmo assim
ele dividiu o doce e disse:
- Agora o
pão de chocolate se transformou em duas luas- de-mel.
Naquele
momento não resisti e chorei.
Na metade do
ano arrumamos emprego. Porém uma semana depois, entrei em depressão e decidi
que nunca mais me encontraria com meu amigo. Pois me dedicaria apenas ao meu
emprego.
Três meses
passaram, senti saudades e telefonei para a pensão onde estava este meu colega.
Mas a dona disse que ele tinha se mudado para sua cidade Natal no interior do
RS. Tentei mandar cartas, mas não tive resposta. Dois anos depois, conhecidos
falaram que ele tinha morrido. Mas meu coração dizia que isto era um engano e
tentei pesquisar tudo sobre o paradeiro do meu colega. Até que entrei em
contato com um ex-patrão dele que afirmou que ele estava vivo. Tentei comentar
isto com algumas pessoas de Curitiba. Porém fui taxada de louca e sugeriram que
eu procurasse um psiquiatra.
Em 2016,
entrei em contato com este meu colega através de uma amiga dele da mesma cidade
do interior. Ele confessou que gostaria de voltar para Curitiba e escrever um
livro. Desta maneira, dei a maior força. O meu colega voltou e ficou hospedado
na casa de uma antiga amiga dele. Porém pessoas fizeram intrigas e fofocas
contra mim. Inclusive uma cobra inventou que eu não queria amizade, e, sim dar
o golpe da barriga para ficar com pouco dinheiro que ele tem. Tudo isto foi uma
grande armação. Pois sou assexual, que é a orientação das pessoas que não
sentem atração sexual. Inclusive, nunca pensei em engravidar para subir na
vida. Por causa destas e de outras intrigas meu amigo não quis me ver. Resultado,
meu colega voltou para o interior com o desejo de nunca me reencontrar de
volta.
Meses
depois, uma amiga íntima dele de Curitiba, fez um perfil falso deste meu amigo.
Então isto abalou muito a minha estrutura psicológica.
Escrevo este
texto com a esperança de que o Anjo do Aniversário leia e faça com que meu
amigo telefone para mim, nem que seja para dizer que não quer a minha amizade
de volta. Pois este seria o presente de aniversário mais lindo que eu receberia.
Luciana do
Rocio Mallon
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