Tribos Urbanas e Moda
Meu nome é Luciana do Rocio Mallon, sou repentista, bailarina
folclórica, pesquisadora de causos, escrevi os livros Lendas Curitibanas 1 e
Lendas Curitibanas 2. Além disto, tenho estudos em História da Moda e trouxe a
Vesteterapia, estudo místico das roupas, para o Brasil.
Este mês, me convidaram para uma blogagem coletiva sobre
Tribos Urbanas. Assim amei o tema, principalmente, porque gosto de História da
Moda e trabalhei em lojas de roupas durante muito tempo. Por isto conheço a
importância das vestimentas para estas tribos.
No meu guarda-roupa tenho peças de todos os estilos, como:
medieval, renascentista, rock, hippie, melindrosa, “lady like”, emo, punk,
roqueiro e cosplay.
Inclusive, dias atrás, fui chamada de hipster. Assim, ao
pesquisar este termo, descobri que hipster é uma pessoa que se veste com peças
de diversas tribos urbanas ao mesmo tempo.
Desde a Idade da Pedra as roupas falam muito sobre a
personalidade das pessoas.
Historiadores e Arqueólogos comprovaram que os líderes, das
tribos mais ricas, se vestiam com peles de animais de difícil caça.
No Antigo Egito, só os faraós tinham as peças bordadas com
ouro.
Os vikings usavam pinturas que indicavam as tribos as quais
eles pertenciam. Há uma lenda que diz que eles não usavam chapéus de chifres e
que esta indumentária foi criada por um escritor de fantasia. Porém arqueólogos
encontraram corpos mumificados com chapéus de chifres, nas cabeças, nas áreas em
que os vikings atuavam.
Os celtas antigos amavam tecido xadrez e cada tipo de xadrez
mostrava a qual classe social a pessoa pertencia.
Na Idade Média, flores nos cabelos eram usadas por moças
solteiras e lenços pelas mulheres casadas.
No Renascentismo, o tipo de espartilho que as mulheres usavam
indicava suas classes sociais.
De 1871 a 1914 surgiu a Belle Epoque e os primeiros termos
sobre tribos urbanas: dândis e ladies like.
O termo Belle Epoque surgiu depois da primeira guerra mundial
como estimulante para a Europa se reerguer.
Os primeiros dândis eram os playboys e “mauricinhos” daquela
época que dirigiam os primeiros carros feitos no mundo. Estes rapazes também
usavam acessórios como: óculos escuros, chapéus e bengalas mesmo que não tivessem
necessidades especiais.
As primeiras “ladies like” eram as dondocas e patricinhas da
época. Elas usavam espartilhos apertados que deixavam a coluna em forma de “S”,
aqui vejo mera semelhança com as influenciadoras digitais, de 2019, que tiram
fotos em frente ao espelho fazendo coluna de “S”. Na Belle Epoque era normal
que as “ladies like” pedissem para que artistas plásticos pintassem seus
retratos onde a coluna em forma de “S” ficasse em evidência. Já as saias tinham
formato de sinos. Elas usavam chapéus, luvas longas e sombrinhas, contra os
raios solares, porque pele bronzeada era considerada uma característica do
proletariado.
Nesta época também surgiram as tribos urbanas das executivas,
que eram mulheres que tomavam conta dos comércios das famílias. Por isto,
naquele tempo surgiu o tailleur, que é o famoso casaquinho das executivas. Reza
a lenda que uma viúva rica resolveu tomar conta dos negócios do falecido marido
e para ser respeitada pelos homens, desenhou um tailleur, e pediu para que o
costureiro francês, John Redfern, costurasse uma peça igual. Até a princesa
Alexandra de Galles aderiu ao tailleur. Assim as empresárias passaram a usar
esta peça.
Já na década de 1920, surgiram novas tribos urbanas
influenciadas pela estilista Chanel. Reza a lenda que foi ela quem arrancou o
espartilho do guarda-roupa feminino. Pois esta peça não combinava mais com a
mulher que precisava trabalhar fora depois da revolução industrial. Chanel
também ajudou a criar a saia midi, mais curta, que ficava acima do calcanhar.
Também foi na década de 20 que surgiu a tribo das
melindrosas. Elas eram moças rebeldes que usavam muita maquiagem com corte de
cabelo Chanel, bebiam, fumavam , faziam sexo antes do casamento, dançavam jazz
e Charleston.
O tempo passou e depois da segunda guerra mundial surgiram
várias tribos urbanas com destaque especial aos roqueiros.
O Rock é um gênero musical que foi influenciado pelo jazz,
folk, Charleston, gospel e soul. O Rock explodiu no final dos anos 40 nas
principais rádios americanas.
Assim surgiram as tribos das meninas-brotos e garotos-brotos.
A gíria broto equivale ao significado da palavra que hoje em dia chamamos de “novinho”.
Pois broto no dicionário significa planta nova.
As moças usavam vestidos rodados geralmente com estampas em
poá inspiradas nas roupas das dançarinas de flamenco. Afinal o Rock pegou
grande influência da cultura cigana.
Os rapazes usavam jaquetas de couro, inspiradas em uniforme
militar. No final dos anos 40, galãs de Hollywood surgiram no cinema com esta
peça que virou moda no mundo inteiro.
No Brasil, no final dos anos 50, surgiu a Jovem Guarda. Mas
só nos anos 60, o movimento cresceu no país. Em 1965, apareceu um programa de
TV chamado Jovem Guarda comando por Roberto Carlos e Erasmo Carlos.
No final dos anos 60, surgiu o movimento hippie. Reza a lenda
que a origem do nome, desta tribo urbana, é derivado da palavra hip, que
significa quadril com referência às blusas que os integrantes, desta tribo
urbana, usavam amarradas nas cinturas.
Os hippies tinham uma filosofia orientada por mestres
espirituais que aconselhavam a paz, o amor, o sexo livre e o fim da propriedade
privada.
As mulheres usavam saia comprida e colorida porque esta peça
tem o poder de conectar a mulher à Mãe-Terra.
Em meados dos anos 70, surgiu o movimento punk. Nos Estados
Unidos os frequentadores de um clube de música jovem, CBCG, formaram bandas
contra o prog rok e o hippie cultivando a filosofia da individualidade e
independência.
Os punks usavam jaquetas com “spikes”, pequenos espetos de
aços e cabelos coloridos com folhas de papel crepom.
As jaquetas com “spikes” significavam proteção contra o
sistema opressor e os cabelos coloridos significavam cabeças livres. Já as
peças jeans rasgadas significavam rebeldia e ruptura com o sistema.
O punk rock tinha músicas simplificadas e que falavam de
justiça social. A ironia e o sacarmo também estavam presentes em suas canções.
A tribo urbana gótica ou dark teve início, no Reino Unido, no
começo dos anos 80.
Muitos góticos vestem apenas a cor preta em luto aos
problemas do mundo. Eles também gostam de ler poemas dos escritores, do século
dezenove, em passeios noturnos pelos cemitérios.
No começo dos anos 90, apareceu com tudo a tribo urbana emo com
raízes num estilo musical chamado emocore que mistura letras românticas com
batidas fortes.
Na moda, os emos usam cabelos com franjas, olhos maquiados e
tênis coloridos. Eles são considerados emotivos e sensíveis.
No final dos anos 90, surgiram os cosplayers. Estas pessoas
curtem usar fantasias de personagens e existem vários eventos para isto. Alguns
chegam a usar figurinos de personagens no dia-a-dia.
Então, como já comentei, tenho peças de roupas de todas as
tribos urbanas que foram citadas acima. Esta variedade de peças me traz paz,
harmonia e inspiração para meus estudos de Vesteterapia, que é a reflexão
mística através das roupas.
Inclusive, este texto me lembrou até a música do Raul Seixas,
chamada Fim de Mês, onde ele diz: “Já fui pantera, já fui hippie, beatnik, hoje
sou a mistura de todos.”
Luciana do Rocio Mallon
Gostou? Não se esqueça de conferir também os textos dos outros participantes:
- Uma história de diversidade - My 7Smiles by Sara Hilário
- Qual a sua tribo? - Mãe ao Cubo
- A diversidade das tribos urbanas - Relatos de um Garoto de Outro Planeta
- A onda do momento - Reflexões Escritas
- Moda tribos urbanas - Lendas e Poesias
- Diversidade - Nak Magalhães
- As tribos do universo Geek - Minha Vida Geek
- Tribos urbanas - Devaneios de Miss L
Essa blogagem coletiva foi organizada por meio da Blog
Olaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!
ResponderExcluirComo o Mundo mudou em tantos anos e continua tão preconceituoso... :(
Beijokitaz
www.devaneiosdemissl.com
Adorei o seu texto, bem completo e cheio de curiosidades que eu não conhecia! Também adorei o foco dado para a questão da moda porque as pessoas gostam de expressar por meio do seu estilo de se vestir as suas diferenças.
ResponderExcluirAmei muito! Parabéns ❤
O mundo pode ter modado muito essencialmente a maneira de pensar das pessoas mas o pior foi se ter mantido o preconceito
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirUm guarda roupa diversificado é mto bom, não cai na rotina, rs
Taí uma abordagem diferente... a vestimenta de cada tribo. Bem legal, parabéns. Se puder, dá uma lida no meu texto também. Abraços, Claudia Sardinha - blog Minha Vida Geek.
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