Lenda da Menina Que Colocava Agasalhos no Cabide Para
Moradores de Rua
Existe um gesto maravilhoso que se espalha pelo inverno. Pois
grupos de pessoas colocam agasalhos, para doações, em cabides, à noite, no
centro das grandes cidades para os moradores de rua.
Esta atitude não é uma novidade exclusiva deste século. Pois
ela foi resgatada de um hábito medieval que se perdeu no tempo e até possui uma
lenda que está abaixo:
Na Idade Média, existia uma menina chamada Ana, que era filha
de Gertrudes, uma costureira viúva. Porém ela notava que alguns nômades e “caxeiros”
viajantes faziam encomendas de roupas para sua mãe. Mas nunca viam buscar e como
as peças eram sob medida se tornavam difíceis de vender depois. A garota
pensava em doar estas peças, que não tinham saída, porém sua mãe nunca deixava.
Uma noite Gertrudes faleceu e Ana assumiu o posto de costureira da vila. Como
era inverno e existiam muitos esfarrapados na aldeia, a jovem decidiu colocar
os agasalhos, sem compradores, em cabides nas ruas para que os pobres pegassem.
A ideia deu certo e todo o inverno ela repetia a experiência.
Perto dali morava o príncipe, Alexandre, que todo o inverno
se disfarçava de pedinte e visitava várias vilas.
Assim o falso mendigo ficou observando a aldeia e viu quando
Ana colocou um cabide com agasalhos na rua. Então, ele achou a jovem linda, se
aproximou e perguntou:
- Estou morrendo de frio...
- Posso pegar um destes casacos?
A moça respondeu:
- Sim!
- O objetivo é este!
No dia seguinte Alexandre se vestiu como príncipe e bateu na
porta de Ana:
- Bom dia!
- Procuro uma mulher generosa para se casar. Por isto, pelas
suas atitudes você foi escolhida.
A moça falou:
- Desculpe, mas não posso aceitar. Pois meu sonho é virar
freira. Inclusive, estou a caminho do convento. Mas preciso lhe propor algo:
- Gostaria de aprender a costurar para continuar com meu
trabalho, de cabide solidário, por toda a região?
Alexandre respondeu:
- Sim!
Deste jeito, o príncipe aprendeu a costurar e em todas as
aldeias ele confeccionou este cabide solidário.
Ana virou freira, onde continuou costurando e deixando
agasalhos, no inverno, em cabides para os desvalidos.
Antes de morrer, ela disse:
- Este hábito do cabide solidário poderá até desaparecer por
um tempo. Mas voltará daqui a mil anos com força total. Onde houver um cabide
solidário, meu espírito estará ao lado.
Depois de sua morte e do falecimento do príncipe, esta atitude
acabou aos poucos naquela região.
Porém, na Europa, no final dos anos 90 do século passado, uma
moça afirmou ter sonhado com o espírito de uma freira que pediu para que ela
fizesse um cabide, com agasalhos, nas ruas para os carentes. Assim a ideia foi
se espalhando aos poucos no mundo.
No Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, em 2014, surgiu
uma ONG chamada, Amor no Cabide, que deixa roupas no cabide, nas praças, para
moradores de rua. O interessante é que no lugar de etiquetas das peças os
integrantes deixam poemas escritos em cartolinas de corações. Pois a roupa
aquece o corpo. Mas a Poesia é o alimento para a alma.
Gostou da ideia?
Então monte um cabide solidário, no inverno, da sua cidade!
Porém, não se esqueça, do poema no lugar da etiqueta!
Luciana do Rocio Mallon
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