Precisei
Usar Sutiã Muito Apertado, na Minha Adolescência, e Meus Ombros Afundaram
Na minha
triste adolescência
Adultos sem
nenhuma paciência
Aconselhavam
toda a manhã:
- Aperte bem
este pequeno sutiã!
- Sutiã não
é nenhum bandido
- Ele não
deixa o peito ficar caído!
Então eu não
podia tirar o sutiã apertado
Nem para dormir
num sono sossegado
Pois no meio
da escura madrugada
Eu,
surpreendentemente, era revistada!
Com o tempo,
meu espírito deixou de ser louco
Então me
acostumei com o sutiã pouco a pouco
Porém, só
fui perceber de uma forma tardia
Que meus
ombros afundavam a cada dia
Por causa do
sutiã apertado, meus ombros ficaram fundos
Precisei
esconder estes detalhes com sentimentos profundos
Em público,
eu não usava top e nem regata
Muito menos vestido
tomara-que-caia
Um dia
apareceu um homem com cabelos de Sol,
Olhos claros
e voz com canto de rouxinol,
Que puxou a alça da minha blusa sem medo
Deste jeito,
ele descobriu o meu segredo
Então
através de um singelo poema
Expliquei a
angústia do meu problema:
- Não se
assuste e nem vá embora, por favor, moço
- Meus
ombros são fundos como um seco poço
Então ele
derramou uma lágrima pura e cristalina
Em um dos
meus ombros fundos de menina
Assim o seco
poço virou uma lagoa
Através
desta atitude amorosa e boa
De tanto
usar sutiã apertado, meus ombros ficaram fundos
Porém, meus
sentimentos, tornaram-se cada vez mais profundos.
Luciana do
Rocio Mallon
Nenhum comentário:
Postar um comentário