Lenda do
Bairro Pinheirinho
Numa tribo,
localizada onde hoje é o bairro chamado Pinheirinho, na cidade de Curitiba,
havia uma índia chamada Apoema que gostava de conversar com os pinheiros. Ela
amava, em silêncio, um índio chamado Cauã. O problema é que, também, existia
outra nativa que era apaixonada por ele: Aimé.
Então, quando
Aimé soube que Apoema estava quase conquistando o seu objeto de desejo, ela
pediu para que seu pai, o pajé da tribo, fizesse um feitiço para afastar a sua
rival.
Assim, o
feiticeiro realizou um ritual que transformou Apoema numa gralha parda, que
voou para o céu e pediu uma chance para Tupã. Este deus falou que ela poderia
virar humana novamente se cumprisse a seguinte missão: espalhar sementes de uma
árvore chamada Araucária por toda a vila, que hoje é a cidade de Curitiba.
Apoema
cumpriu a missão muito bem. Porém, quando Tupã a chamou para conversar ela
disse-lhe:
- Não quero
virar mais humana porque gostei de ser pássaro. O único desejo que peço é para
ter as penas azuis.
Assim, Tupã
deu a cor anil para esta ave que recebeu o apelido de gralha azul.
O tempo
passou e o local onde era a tribo de Apoema transformou-se num lugar chamado
Capão dos Porcos. Naquela região instalou-se um jovem bruxo que havia fugido da
Europa. Este feiticeiro virou lavrador no meio do mato. Mesmo assim, não tinha
a simpatia da população.
Como este
feiticeiro era bonito, a gralha azul apaixonou-se por ele. Assim, Apoema pediu
para se transformar em mulher novamente. Mas, Tupã disse que não e que o amor
dela com o mago só seria possível se ele morresse e tivesse o corpo enterrado
dentro de um pinheiro. Pois, só assim Apoema poderia virar mulher de noite para
conversar com a alma do amado dentro da árvore. Porém, de dia, ela continuaria
sendo uma gralha azul.
Naquelas
bandas existia um menino chamado Rafael que vivia sendo maltratado por Zé, seu padrasto,
mas ninguém sabia. Um certo dia, este
homem matou o enteado e jogou o corpo perto da casa do mago.
Quando
acharam o cadáver, o homem colocou a culpa no feiticeiro, mentindo que o bruxo
matou o menino num ritual de magia negra. Então a população espancou o bruxo
até a morte.
Naquela
mesma noite, Apoema virou uma mulher e enterrou corpo de seu amado num
pinheirinho, na entrada de uma fazenda chamada Pinheiro. Naquele mesmo
instante, surgiram outros pinheiros em fileiras. Então, a alma do feiticeiro
saiu de dentro da árvore para namorar a índia. Assim, a situação ficou deste
jeito: de dia Apoema era uma gralha azul espalhando sementes de Araucária, mas
de noite ela se transformava numa índia que encontrava o espírito de seu amado,
que saia de dentro da árvore.
Com o tempo
os pinheiros da fazenda foram desaparecendo pouco a pouco. Porém, o único
pinheiro que restou foi a árvore onde o corpo do bruxo foi enterrado por
dentro. Reza a lenda que já tentaram derrubar este pinheiro, mas nunca ninguém
conseguiu. Por isto, este local recebeu o nome de: Bairro Pinheirinho.
Luciana do
Rocio Mallon
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