segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Lenda do Bairro Pinheirinho de Curitiba

Lenda do Bairro Pinheirinho
       
Numa tribo, localizada onde hoje é o bairro chamado Pinheirinho, na cidade de Curitiba, havia uma índia chamada Apoema que gostava de conversar com os pinheiros. Ela amava, em silêncio, um índio chamado Cauã. O problema é que, também, existia outra nativa que era apaixonada por ele: Aimé.
Então, quando Aimé soube que Apoema estava quase conquistando o seu objeto de desejo, ela pediu para que seu pai, o pajé da tribo, fizesse um feitiço para afastar a sua rival.
Assim, o feiticeiro realizou um ritual que transformou Apoema numa gralha parda, que voou para o céu e pediu uma chance para Tupã. Este deus falou que ela poderia virar humana novamente se cumprisse a seguinte missão: espalhar sementes de uma árvore chamada Araucária por toda a vila, que hoje é a cidade de Curitiba.
Apoema cumpriu a missão muito bem. Porém, quando Tupã a chamou para conversar ela disse-lhe:
- Não quero virar mais humana porque gostei de ser pássaro. O único desejo que peço é para ter as penas azuis.
Assim, Tupã deu a cor anil para esta ave que recebeu o apelido de gralha azul.
O tempo passou e o local onde era a tribo de Apoema transformou-se num lugar chamado Capão dos Porcos. Naquela região instalou-se um jovem bruxo que havia fugido da Europa. Este feiticeiro virou lavrador no meio do mato. Mesmo assim, não tinha a simpatia da população.
Como este feiticeiro era bonito, a gralha azul apaixonou-se por ele. Assim, Apoema pediu para se transformar em mulher novamente. Mas, Tupã disse que não e que o amor dela com o mago só seria possível se ele morresse e tivesse o corpo enterrado dentro de um pinheiro. Pois, só assim Apoema poderia virar mulher de noite para conversar com a alma do amado dentro da árvore. Porém, de dia, ela continuaria sendo uma gralha azul.
Naquelas bandas existia um menino chamado Rafael que vivia sendo maltratado por Zé, seu padrasto, mas ninguém sabia. Um certo dia, este  homem matou o enteado e jogou o corpo perto da casa do mago.
Quando acharam o cadáver, o homem colocou a culpa no feiticeiro, mentindo que o bruxo matou o menino num ritual de magia negra. Então a população espancou o bruxo até a morte.
Naquela mesma noite, Apoema virou uma mulher e enterrou corpo de seu amado num pinheirinho, na entrada de uma fazenda chamada Pinheiro. Naquele mesmo instante, surgiram outros pinheiros em fileiras. Então, a alma do feiticeiro saiu de dentro da árvore para namorar a índia. Assim, a situação ficou deste jeito: de dia Apoema era uma gralha azul espalhando sementes de Araucária, mas de noite ela se transformava numa índia que encontrava o espírito de seu amado, que saia de dentro da árvore.
Com o tempo os pinheiros da fazenda foram desaparecendo pouco a pouco. Porém, o único pinheiro que restou foi a árvore onde o corpo do bruxo foi enterrado por dentro. Reza a lenda que já tentaram derrubar este pinheiro, mas nunca ninguém conseguiu. Por isto, este local recebeu o nome de: Bairro Pinheirinho.
Luciana do Rocio Mallon




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