domingo, 19 de março de 2017

Precisei Usar Sutiã Muito Apertado, na Minha Adolescência, e Meus Ombros Afundaram

Precisei Usar Sutiã Muito Apertado, na Minha Adolescência, e Meus Ombros Afundaram
Na minha triste adolescência
Adultos sem nenhuma paciência
Aconselhavam toda a manhã:
- Aperte bem este pequeno sutiã!

- Sutiã não é nenhum bandido
- Ele não deixa o peito ficar caído!
Então eu não podia tirar o sutiã apertado
Nem para dormir num sono sossegado

Pois no meio da escura madrugada
Eu, surpreendentemente, era revistada!
Com o tempo, meu espírito deixou de ser louco
Então me acostumei com o sutiã pouco a pouco

Porém, só fui perceber de uma forma tardia
Que meus ombros afundavam a cada dia
Por causa do sutiã apertado, meus ombros ficaram fundos
Precisei esconder estes detalhes com sentimentos profundos

Em público, eu não usava top e nem regata
Muito menos vestido tomara-que-caia
Um dia apareceu um homem com cabelos de Sol,
Olhos claros e voz com canto de rouxinol,

 Que puxou a alça da minha blusa sem medo
Deste jeito, ele descobriu o meu segredo
Então através de um singelo poema
Expliquei a angústia do meu problema:

- Não se assuste e nem vá embora, por favor, moço
- Meus ombros são fundos como um seco poço
Então ele derramou uma lágrima pura e cristalina
Em um dos meus ombros fundos de menina

Assim o seco poço virou uma lagoa
Através desta atitude amorosa e boa
De tanto usar sutiã apertado, meus ombros ficaram fundos
Porém, meus sentimentos, tornaram-se cada vez mais profundos.
Luciana do Rocio Mallon



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