Na Vida Tudo é Aproveitável, Até as Roupas Rasgadas Quando São Doadas
Quando eu era adolescente, a escola fez uma espécie de campanha do agasalho pedindo para que os alunos doassem roupas usadas.
Porém, no final da campanha, uma das professoras organizadoras pegou o microfone, no meio do evento, e exclamou:
- Roupa usada não é lixo!
- Tem gente que doou roupa rasgada, meia sem par e trapos sujos!
- Isto não se faz!
- Precisei descartar muitas peças numa caixa de papelão!
De repente, ouvi crianças pequenas chorando:
- Eu só tinha roupas com pequenos defeitos para oferecer!
- Minha mãe separou o que pôde!
Logo, ergui o braço e falei:
- Professora, tenho uma ideia:
- Que tal fazermos artesanato com as roupas rasgadas, nas aulas de Arte, para doar as peças, já recicladas, às pessoas carentes?
- Com as meias sem pares, poderíamos confeccionar bolinhas para as crianças pobres brincarem.
- De vez em quando têm criaturas que doam peças rasgadas, mas que não fazem isto por maldade. Ás vezes é só isto, o que algumas pessoas possuem para doar.
Desta maneira, a direção acatou minha sugestão. Depois, os alunos fizeram lindos artesanatos nas aulas de Arte e distribuíram para os carentes, num evento, mais tarde.
Na mesma época, ao contar este causo para as mulheres mais velhas da família, minha avó falou sobre a Lenda da Colcha de Retalhos:
Na Idade Média, existia uma princesa que teve o castelo invadido por inimigos, apanhou na cabeça, perdeu a memória, fugiu do local e virou mendiga em outros reinos. Mas as pessoas só davam trapos e retalhos para ela. Por isto a donzela recebeu o apelido de Retalina. Porém, quando a jovem conseguiu vários retalhos, fez uma colcha e quando se cobriu com ela, para se proteger do frio rigoroso da Europa, se transformou numa linda princesa novamente e recuperou a memória.
Moral da estória: até os trapos são aproveitáveis nas mãos de quem tem criatividade e não fica julgando os outros pelas peças que doam.
Agora, tem criatura em rede social reclamando de peças que são doadas. Isto demonstra falta de paciência e excesso de arrogância.
Luciana do Rocio Mallon
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