O Dia em Que
o Maternal Se Revoltou Contra o Coelhinho da Páscoa
Em 1978, eu
tinha quatro anos de idade e frequentava o maternal de uma escola chamada Tia
Susi. Na terça-feira, da semana santa, a professora fez com que todos os alunos
confeccionassem a decoração de Páscoa, como: pintura de coelhos de papel com
orelhas enormes, que foram colocados em todos os lugares da sala de aula.
No dia
seguinte, meu pai falou:
- Não
acredite em Coelhinho da Páscoa porque ele não existe. Afinal, coelho, de
verdade, é mamífero e por isto não bota ovo. Sem falar que o inventor do Coelho
da Páscoa foi o comércio só para vender chocolate. Tudo isto é uma mentira para
enganar as crianças.
Então,
naquela quarta-feira chamei os meus colegas para a sala de aula, antes que a professora
chegasse. Assim, peguei uma tesoura do meu estojo, sentei num banco e comecei a
falar:
- Amigos,
Coelhinho da Páscoa NÃO existe, pois coelho de verdade é mamífero e não bota
ovo!
- Ele é uma
invenção para vender chocolate!
- Estão
enganando as crianças!
- Por isto,
vamos cortar as orelhas dos coelhos da decoração!
Desta
maneira, eu cortei a primeira orelha e as outras crianças seguiram o meu exemplo.
Deste jeito, várias orelhas foram espalhadas pelo chão e algumas jogadas pelas
janelas.
De repente,
a professora entrou, ficou assustada e perguntou:
- Mas, o que
é isto?
No mesmo
instante, um rapaz vestido de coelho penetrou na sala e eu gritei:
- Vamos
chutar e dar socos no falso Coelhinho da Páscoa!
Após isto,
os pequenos começaram a agredir o moço fantasiado, que saiu correndo.
Este foi o
dia em que o maternal se revoltou contra o Coelho da Páscoa.
Luciana do
Rocio Mallon
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