A Maquiagem da Poesia – Parte III
Fiquei confusa e sentei-me na penteadeira
Logo vi um velho estojo de maquiagem
Abri a embalagem de maneira faceira
Então comecei uma misteriosa viagem!
Passei o batom da cor carmim
Que retirou o gosto amargo e ruim
Da triste e cruel agonia
Deixando o sabor da simpatia!
Com as sombras cintilantes
Enfeitei as pálpebras brancas
Que viraram estrelas brilhantes
Brincando com as luas francas
Passei um pouco do discreto brilho
Nas minhas grossas sobrancelhas
Com o lápis fino do estribilho
Como as gotas que caem nas telhas
Nas bochechas coloquei purpurina
Feita da mais refinada e doce rima
Pincelei com o rímel dos poemas
Os meus cílios sem problemas
No pulso coloquei gotas de alfazemas
Já, no rosto coloquei pó compacto
Para causar um grande impacto
Como sou leoa, passei “rouge”
Porque o tempo corre e urge!
Passo a maquiagem da poesia
Sem exagero, para não virar o coringa
Combino as cores com harmonia
Porque a vida precisa de tinta
Porém não carrego na maquiagem
Pois é perigoso se afogar na fantasia
Esconder o rosto estraga a viagem
E apaga a mais nobre poesia
O importante é usar a pintura
Para disfarçar a
amargura
Porém sem fugir da realidade
Pois todo mundo precisa da verdade.
Luciana do Rocio Mallon
Nenhum comentário:
Postar um comentário