Lenda da Cigana Soleá por Bulería
Na Idade Média, em passagem pela Espanha, havia uma caravana de ciganos. Nela, existia uma cigana chamada Estela que vivia cantando para a Lua e para as estrelas. Uma vez ela ficou grávida, mas deu à luz a uma menina bem na noite do tão esperado eclipse da Lua. Mas, o problema é que reza a lenda que uma criança que nasce numa noite de eclipse lunar, tem seu comportamento alterado para o resto da vida.
Pelo fato da menina ter nascido numa noite sem luar, ela recebeu o nome de Soleá, que significa solidão.
Já, na infância, a garota passou a demonstrar modos diferentes. Pois, ora estava triste e chorando nos cantos, quando, de repente, passava a brincar e a dançar alegremente. Este tipo de comportamento poderia ser classificado, hoje em dia, como transtorno bipolar, ou, psicose maníaco-depressiva. Porém, naquela época a Medicina ainda não tinha conhecimentos tão profundos quanto hoje.
A questão é que a personalidade mutante da menina sempre incomodava todo o grupo. Pois, na hora das apresentações, ela se negava a dançar para o público das vilas porque a pequena entrava em depressão e chorava nos cantos. Mas, na hora dos ensaios e dos trabalhos manuais, a menina começava a fazer brincadeiras irônicas com os outros ciganos, caçoando dos defeitos de cada um como uma espécie de "bullying" que, naquela época na Espanha, tinha o nome de bulería.
Uma vez, Estela, cansada das birras da filha foi até um jardim de flores e fez o seguinte pedido para Santa Sara:
- Minha santa, faça com que Soleá melhore seu comportamento.
Naquele mesmo dia, no intervalo de uma apresentação de dança na vila, os músicos começaram a tocar uma música lenta. De repente, Soléa entrou no meio da canção e começou a bailar de uma forma melancólica, porém graciosa. Com o passar do tempo o ritmo começou a aumentar e a menina ficava alegre de acordo com as notas rápidas. No final, a bailarina dançava como se estivesse brincando, ou, debochando de uma forma, muito suave, de alguém.
Ao final da apresentação, todos aplaudiram Soleá e ninguém ficou ofendido com seu jeito espontâneo.
A partir daquele dia, esta garota nunca mais teve seus surtos bipolares e passou a dançar daquele mesmo jeito nos lugares onde os ciganos se apresentavam. Primeiro ela bailava melancolicamente, e, à medida que o ritmo aumentava, ela passava a dançar de uma maneira alegre, como se estivesse brincando. Assim, este tipo de dança passou a ser chamado de Soleá por Bulería e até hoje é executado por dançarinas de Flamenco.
Hoje, foi comprovado que a Dança Cigana e a Dança Flamenca servem de terapia para quem sofre de Transtorno Bipolar porque trabalha os diversos tipos de emoções, libera endorfinas, além de ser um excelente exercício físico.
Luciana do Rocio Mallon
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