Na cidade de Curitiba, nos anos setenta, perto da Vila Jardim Centauro, bem no lugar onde hoje existem as moradias Icaraí e União Ferroviária, havia uma linda fazenda, com vacas leiteiras. Neste lugar, morava dona Lola e suas filhas. Porém, uma merecia destaque em comum , a moça apelidada de Dida, que não era a mais bonita, porém a mais doce e religiosa das irmãs, pois vivia rezando e sonhava em ser freira.
Dida era a mais esforçada das filhas, pois todos os dias de madrugada, deixava garrafas de vidro com leite de vaca fresco para quem contratava os seus serviços. Sua carroça estava sempre pintada de cores alegres como: vermelho, verde e amarelo.
Quando chegavam datas comemorativas como o Dia da Criança, por exemplo, Dida vestia-se de pastora medieval e distribuía leite de graça para as crianças carentes. Já no Natal, ela fazia a mesma coisa só que vestida de Papai-Noel.
O tempo passou, as irmã bonitas se casaram. Assim, Dida continuou solteira, vendeu a propriedade e foi para o interior.
Nos anos 90, chegou aos meus ouvidos a notícia de que esta moça tinha morrido. Então, naquela época, na região da antiga fazenda, começaram a surgir as Vilas Audi e União Ferroviária.
Naquele tempo, eu morava em uma das ruas do Jardim Centauro e era comum escutar barulho de carroça nos dias de tempestade. Desta maneira, quando ia para janela com o objetivo de ver o veículo, não havia nada. Mas, o barulho continuava. Deste jeito, contei sobre o fato para uma vizinha, que me disse, que o fenômeno se tratava do espírito de Dida, que sempre gostou de entregar leite na chuva.
Em 1997, dona Raquel, moradora de uma destas vilas carentes da região, não tinha comida para dar aos seus sete filhos. Por isto, ela fez uma prece:
- Minha Nossa Senhora, por favor traga algo para comer aos meus filhos.
Naquele exato momento, alguém bateu na porta: era uma moça, vestida de pastora medieval, com litros de leite na sua carroça. Então, a jovem disse:
- O céu atendeu ao seu pedido e eu trouxe litros de leite para suas crianças.
A mulher se emocionou e chorou. Depois, ela viu a moça indo embora e notou que sua carroça voou em direção ao céu.
Numa véspera de Natal, uma pessoa vestida de Papai-Noel, vinda dentro de uma carroça, distribuiu brinquedos e garrafas de leite para as crianças das Vilas Audi e União Ferroviária. No meio daquela festa toda, um dos filhos de Raquel, decidiu arrancar a falsa barba do Papai-Noel. Naquele mesmo instante, ele gritou:
- Olhe, Mãe!
- O Papai-Noel é aquela mesma moça que deu leite para a gente, quando estávamos passando fome.
Reza a lenda que o espírito de Dida sempre ajuda as crianças carentes daquela região e se você mora no Jardim Centauro, é sempre possível ouvir o barulho da carroça dela quando chove.
Luciana do Rocio Mallon
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