Lenda de Amor
do Moço do Isopor do Alfajor com a Emília da Rua XV de Novembro
Oswaldo era
um órfão, ex-dependente químico que foi salvo por uma clínica cristã de
recuperação. Um dos empregos que esta instituição ofereceu ao rapaz foi de
vendedor de alfajor, na Rua XV de Novembro, no Centro de Curitiba. A
comercialização deste doce servia para ajudar a clínica que recupera viciados
em tóxicos.
Numa tarde
de primavera, Oswaldo estava com seu isopor vendendo alfajor na Rua XV. Quando,
de repente, avistou uma moça gordinha vestida com as roupas da Emília,
personagem do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Então, naquele instante, ela deu um
sorriso que encantou o rapaz. Por isto Oswaldo seguiu a jovem que desapareceu
na frente do bondinho. Porém este moço continuou com vontade de ver a donzela
novamente.
Oswaldo
gostava do seu emprego. Mas achava que o alfajor deveria carregar alguma
mensagem de otimismo em sua embalagem. No começo ele colocava bilhetes com
mensagens bíblicas junto destes doces. Porém, depois passou a grudar papéis com
frases de própria autoria como:
“Por mais
que uma lágrima seja amarga, ela sempre encontrará um sorriso doce.”
“Este
alfajor tem o açúcar da solidariedade
Junto com a
encantadora baunilha da alegria
Na manteiga
do choro de amor de verdade
Este doce
tem o sabor da mais pura Poesia.”
Deste jeito,
Oswaldo passou a vender mais doces de que seus colegas.
Um dia, ele
estava abordando pessoas na rua. Quando, de repente, esbarrou numa cesta com
bonecas de pano e caiu. Assim que o rapaz olhou para frente deu de cara com a
Emília que tanto procurava. Então falou:
- Desculpe,
moça.
- Qual é o
seu nome?
A garota
respondeu:
- Meu nome é
Daniele e minha missão é proteger os ambulantes que trabalham na Rua XV de
Novembro. Portanto tenho um recado:
- Nunca vá
para o Largo da Ordem!
O rapaz
exclamou:
- Não
acredito em avisos de humanos!
- Pois, Deus
e os anjos me protegem!
- Aliás,
onde você mora?
A donzela
respondeu:
- Eu moro no
céu!
- Cuidado:
quando eu era viva, eu também não acreditava em avisos.
Naquele
mesmo instante, a Emília despareceu.
Porém, à
noite, Oswaldo ignorou o aviso e decidiu vender seus doces no Largo da Ordem.
Assim na frente da fonte do Cavalo Babão, ele abordou uma moça bonita para
mostrar seu alfajor. De repente, o namorado ciumento da jovem apareceu, deu um
tiro em Oswaldo que faleceu no mesmo instante.
Quando este
moço chegou ao céu, um anjo disse:
-
Infelizmente, você não pode entrar aqui porque ignorou o aviso de sua amada.
- Portanto
você voltará ao mundo, como fantasma, e precisará vender 1000 doces para entrar
no céu e conquistar o amor de sua Emília.
Desta
maneira, Oswaldo aceitou sua missão e, hoje, encontra-se vendendo doces, no
isopor, na Rua XV de Novembro, com um detalhe: ele derrama lágrimas azuis e com
cheiro de flores. Porém ele sente muitas saudades de sua Emília e por isto
pretende cumprir a cota logo.
Então se um
dia você encontrar um rapaz vendendo alfajor derramando lágrimas azuis e
perfumadas, saiba que ele é o Oswaldo desta lenda.
Luciana do
Rocio Mallon
Nenhum comentário:
Postar um comentário