O Porquê Sou Vidrada em Histórias Onde Casais Se Conhecem na
Adolescência, Se Desencontram e Se Reencontram Anos Depois
Estamos em 2018, uma época onde, infelizmente, as pessoas
tratam sexo como se fosse um deus. Por isto sou taxada de louca e maluca ao
falar que sinto um amor platônico, desde 2002, e que não vejo meu amado desde
aquela época, apesar dele ter voltado para a cidade onde moro em 2016.
Desde minha tenra infância escuto muitas pessoas falarem que
nunca me casarei porque sou muito feia. Quando eu era menina me enchiam o saco
por causa do nariz comprido e na adolescência faziam bullying por causa da
minha obesidade naquele tempo.
Em 1979, quando eu tinha cinco anos, peguei meningite e fui
hospitalizada num hospital infantil. Lá havia duas enfermeiras que me contavam
histórias. A loira me falava causos de terror e a morena narrava romances.
Quando a morena entrou no meu quarto, indagou:
- Você gosta de
histórias de amor?
Respondi:
- Gosto desde que o príncipe não beije a princesa e nem case
com ela no final. Pois eu queria ouvir um conto em que os dois se conhecem na
infância e se afastam. Mas se reencontram na idade adulta. Mas, por mim, eles
nem precisam casar no último capítulo.
Assim ela disse:
Assim ela disse:
- Deste jeito contarei um resumo do livro chamado A Moreninha
do autor Joaquim Manuel de Macedo.
Então a enfermeira me contou a história, que falava de um
menino e de uma menina que se conheceram numa praia, se afastaram, cresceram e
voltaram a se reencontrar na fase adulta.
Depois ela narrou a Fábula da Leiteira e o Pastor, que era a história de uma menina leiteira com uma marca
de nascença no braço, da Idade Média, que gostava de um pastor jovem. Mas a mãe
do menino faleceu e os avós levaram o pequeno para outro reino. Porém, o tempo
passou, os dois reinos entraram em guerra. Mas antes de um soldado matar uma
moça do reino rival, viu que ela tinha uma marca de nascença no braço, se
lembrou da antiga amiga leiteira e os dois se reconheceram. Porém a moça estava
com peste negra e morreu nos braços do amado.
Assim eu falei em voz alta:
- Quando crescer, não me casarei. Pois conhecerei uma pessoa,
na minha juventude, que mudará de cidade. Mas anos depois voltará ao mesmo
local e terá uma história de amor comigo, nem que eu morra no final!
Cresci sonhando com um romance assim.
Na idade adulta procurei uma explicação espiritual para saber
o porquê de tanta vontade de sentir um amor assim e não aceitar outro tipo de
desejo. Descobri que isto talvez seja algo genético. Pois na Idade Média,
apesar do puritanismo, era comum as mulheres se apaixonarem logo na adolescência.
Mas terem que ver seus amados partirem para guerras e voltarem dez, quinze anos
depois, etc. Talvez isto esteja impregnado no meu sangue e no meu DNA.
Até que em 2002, conheci um moço num grupo de poetas da vida
real. Assim começamos a namorar e ele me via todos os dias. Até que o moço se
mudou para sua cidade natal, sem me falar nada.
Em 2016, ele voltou para Curitiba, cidade onde moro. Mas não
quis me ver por causa de fofocas.
Eu sei que ele vende rosas na rua e um dia a gente vai se reencontrar.
Não peço para que ele namore comigo e muito menos case com a minha pessoa. Pois
a fantasia de viver um amor, que ficou no passado da minha juventude, é algo só
meu e faz parte da minha alma. Afinal sei que ninguém é obrigado a gostar de
ninguém. Apenas queria saber como ele está e quais foram as cenas que viveu.
Porém parece que a pessoa me vê como se eu fosse um monstro, um dragão prestes
a colocar fogo em tudo.
Porém sou apenas a mesma garota, do passado, querendo viver
um amor platônico. Pois sei que não posso namorar e nem se casar, na vida real,
porque tenho uma missão mais profunda a cumprir.
Nunca me entreguei de forma carnal a homem nenhum. Por isto
sei que o amor platônico é um direito legítimo que tenho. Pois não há lei que
me impeça de sonhar.
Luciana do Rocio Mallon
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