sábado, 30 de setembro de 2017

Lenda de Florfuma

Lenda de Florfuma
Na época em que Curitiba se chamava Vila Nossa Senhora da Luz existia, numa fazenda, uma jovem com o nome de  Elisa, que era loira com olhos verdes.
Um dia ela foi passear na floresta , viu um índio perto da cachoeira e se apaixonou por ele. Assim os dois começaram a namorar.
Porém depois de algum tempo, Elisa descobriu que estava grávida. Sem coragem de falar sobre a novidade para seus pais e nem para seu amado, ela escondeu a gravidez apertando os espartilhos.
Numa noite de luar, esta moça deu a luz sozinha a uma menina, dentro do seu quarto, e faleceu no parto. Seu pai arrombou a porta e ao ver aquele bebê, resolveu abandonar a criança na floresta.
Então o amado de Elisa avistou a menina e levou a pobre para a aldeia. Mas os índios não aceitaram aquele bebê, de olhos verdes e pele morena, por ser mestiço e abandonaram a garota na floresta perto de um rio. Assim a menina foi criada pela Iara, uma sereia de água doce, e pelo curupira. Deste jeito ela foi batizada por eles com o nome de Florfuma. A Iara sempre dizia:
- Nunca se afaste de nós. Pois, você pode virar escrava de alguém que lhe oferecer uma simples flor.
Porém, Florfuma não dava bola para a profecia.
Quando esta garota chegou à adolescência, resolveu abandonar seus pais de criação para fazer travessuras nas fazendas dos brancos. Como ela gostava de fumar, esta moça batia palmas nos sítios e perguntava:
- Tem fumo?
Quando a pessoa oferecia o que ela estava procurando, Florfuma agradecia e ficava feliz. Mas quando a criatura negava, a garota aparecia de noite para fazer travessuras.
Uma tarde de primavera, esta jovem bateu numa casa onde uma senhora arrumava o jardim e indagou:
- Tem fumo?
A idosa disse:
- Não.
- Mas lhe ofereço esta flor.
A adolescente fez cara de pânico e falou:
- A senhora acabou de quebrar o meu encanto. Pois quando uma pessoa oferece uma flor para mim, eu viro sua escrava imediatamente.
Deste jeito a moça pegou o material de limpeza, fez faxina e passou a obedecer a dona da casa.
Uma vez, Florfuma escorregou, no chão molhado onde fazia limpeza e morreu.
Quando chegou ao céu, São Pedro disse:
- Você não foi boa o suficiente para ir ao céu e nem má o bastante para ir ao Inferno. Por isto, voltará para a Terra com a mesma missão e ficará lá, virando uma escrava para quem lhe oferecer uma flor.
Deste jeito a jovem voltou para a mesma floresta e começou a caminhar. Assim viu uma fazenda. Ao se aproximar avistou uma criança, de quatro anos de idade, brincando no jardim e disse:
- Quero fumo!
Porém a menina mostrou uma rosa para a moça que logo disse:
- Como você me ofereceu uma flor, serei sua escrava até sua morte.
Dizem que até hoje, Florfuma bate nas casas pedindo fumo e torna-se escrava de quem lhe oferece uma flor.
Luciana do Rocio Mallon





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