sábado, 21 de dezembro de 2013

Um Desejo de Ano Novo Assustador

Um Desejo de Ano Novo Assustador
        
Em 1985, eu tinha 11 anos de idade e estava acostumada com desejos de ano novo meigos e carinhosos, iguais a gente vê em cartões natalinos, que muitas vezes vem com frases otimistas ,ou, trechos de poetas famosos.
Na passagem de 1985 para 1986, eu estava hospedada na casa da minha avó, que tinha uma amiga com fama de mística chamada Railde. Quando de repente, o telefone tocou e eu atendi:
- Alô?!
Mas, do outro lado da linha, uma mulher me ignorou e exclamou:
- Feliz Ano Novo, Mirtes!
- Desejo-lhe dinheiro na gaveta
- E fogo na buceta!
Naquele instante, eu pensei que era trote e perguntei:
- Quem está falando?
Do outro lado da linha, a moça respondeu:
- É a Railde.
Então, eu expliquei:
- Aqui quem fala não é a Mirtes.
- É a neta dela.
A moça soltou um suspiro envergonhado e desligou o telefone sem falar mais nada.
Assim, eu comecei a refletir:
- Poxa, a vó disse que a Railde tem poderes sobrenaturais.
- Portando, se ela me desejou dinheiro, provavelmente, eu terei grana neste novo ano que começa.
- Mas, o preocupante é que ela me desejou fogo nas partes íntimas.
- Sempre ouvi falar num problema chamado cistite onde as mulheres sentem fogo na vagina.
- Será que a Railde me jogou uma praga?
Naquele instante fiquei preocupada. Por isto, fui me lavar com água quente num bidê e passei pomada Hipoglós na parte temerosa.
Por causa disto tudo, 1986 foi o ano em que mais lavei as minha partes “pudentas”. Porém, na escola, graças a algumas poesias eróticas que a professora de Língua Portuguesa leu em sala de aula foi que aprendi que o fogo desejado pela Railde era algo figurado. Assim, perdi meu medo ter cistite pouco a pouco.
Mesmo assim, a frase daquela moça até hoje foi o desejo de Ano Novo mais original que escutei até hoje.
Luciana do Rocio Mallon




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