domingo, 4 de junho de 2023

Lenda de Tina, a Rapunzel Curitibana das Tranças de Chicotes

 

Lenda de Tina, a Rapunzel Curitibana das Tranças de Chicotes

Em Curitiba, no final do século dezenove, existiam duas moças, Mazé e Lili, que eram filhas de um comerciante da cidade.

Mazé, a mais velha, era muito religiosa e Lili, a caçula, era festeira.

Um dia, Lili engravidou mesmo estando solteira e pensou em abortar o bebê com uma agulha de tricô. Mas, sua irmã chegou na hora, impediu o ato e disse:

- Você terá essa criança porque aborto é pecado. Por isso, alugaremos um casarão no Centro da cidade, perto da nossa loja, e você terá essa gestação de forma secreta lá. Porém, se por acaso, a sua pessoa fizer aborto, todos da sociedade saberão. Aliás, prometo que se o bebê nascer saudável, nunca cortarei os cabelos dele.

Então, Mazé se mudou com sua irmã para um casarão, de dois andares, do Centro. Lili teve sua filha lá com a ajuda da irmã. Assim, a menina recebeu o apelido de Tina.

Mazé continuou trabalhando na loja da família, enquanto Lili cuidava de casa. Porém, não deixava a sobrinha andar na rua e nem brincar com outras crianças. Essa tia sempre lavava os cabelos da garota com babosa para que eles crescessem mais e fazia penteados de tranças. Aliás, Mazé sempre dizia:

- Você será uma Rapunzel, mesmo depois de morta.

- Nunca fale com homens porque eles são perigosos e rasgam as mulheres.

Quando Tina completou 15 anos, sua tia trancou a menina no último andar do casarão, onde havia uma sacada e disse:

- Você completou 15 anos, a idade do Diabo. Então, como a sua pessoa tem uma maldição, nunca poderá mais descer no andar de baixo e nem falar com homens. Pois se isso acontecer, você adoecerá, sofrerá e morrerá. Depois queimará no inferno todos os dias.

Tina ficou com medo e obedeceu à tia. Porém, quando Mazé ia trabalhar e sua mãe limpava o andar de baixo, a jovem ficava na sacada com duas longas tranças. Ás vezes, as pessoas tentavam puxar conversa, mas ela não falava nada.

Numa noite de Natal, essas mulheres estavam em casa. Quando, de repente, crianças bateram na porta. Mazé abriu e elas entraram na sala gritando:

- Feliz Natal!

De repente, Tina conseguiu abrir a porta do quarto, desceu pelas escadas e suas tranças se transformaram em chicotes longos tentando ferir as crianças que saíram correndo de lá.

A tia gritou:

- Por que desobedeceu?!

- Viu o que você fez?!

- Isso aconteceu porque a sua pessoa é amaldiçoada.

Além desse acontecimento assombrado, existia um homem mau que observava Tina da janela.

Uma certa noite, ele subiu na sacada, entrou no quarto e tentou agarrar a adolescente. Porém, suas longas tranças se transformaram em chicotes que feriram o homem até a morte.

Mazé, ao escutar o barulho, abriu a porta e viu o homem morto, apertado pelas tranças em formas de chicotes.

Assim, ela chamou a polícia e os guardas contaram que o rapaz era um tarado que estava sendo procurado na região e que já tinha atacado mais cinco mulheres.

Desse jeito, Tina recebeu o apelido de Rapunzel das tranças de chicote.

O casarão existe até hoje no Centro de Curitiba e agora funciona um comércio ali dentro. Mas depois da meia-noite muita gente afirmou ver uma moça com tranças de chicote na sacada do segundo andar.

Luciana do Rocio Mallon

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