Lenda de
Tina, a Rapunzel Curitibana das Tranças de Chicotes
Em Curitiba,
no final do século dezenove, existiam duas moças, Mazé e Lili, que eram filhas
de um comerciante da cidade.
Mazé, a mais
velha, era muito religiosa e Lili, a caçula, era festeira.
Um dia, Lili
engravidou mesmo estando solteira e pensou em abortar o bebê com uma agulha de
tricô. Mas, sua irmã chegou na hora, impediu o ato e disse:
- Você terá essa
criança porque aborto é pecado. Por isso, alugaremos um casarão no Centro da
cidade, perto da nossa loja, e você terá essa gestação de forma secreta lá.
Porém, se por acaso, a sua pessoa fizer aborto, todos da sociedade saberão.
Aliás, prometo que se o bebê nascer saudável, nunca cortarei os cabelos dele.
Então, Mazé
se mudou com sua irmã para um casarão, de dois andares, do Centro. Lili teve
sua filha lá com a ajuda da irmã. Assim, a menina recebeu o apelido de Tina.
Mazé
continuou trabalhando na loja da família, enquanto Lili cuidava de casa. Porém,
não deixava a sobrinha andar na rua e nem brincar com outras crianças. Essa tia
sempre lavava os cabelos da garota com babosa para que eles crescessem mais e
fazia penteados de tranças. Aliás, Mazé sempre dizia:
- Você será
uma Rapunzel, mesmo depois de morta.
- Nunca fale
com homens porque eles são perigosos e rasgam as mulheres.
Quando Tina
completou 15 anos, sua tia trancou a menina no último andar do casarão, onde
havia uma sacada e disse:
- Você
completou 15 anos, a idade do Diabo. Então, como a sua pessoa tem uma maldição,
nunca poderá mais descer no andar de baixo e nem falar com homens. Pois se isso
acontecer, você adoecerá, sofrerá e morrerá. Depois queimará no inferno todos
os dias.
Tina ficou com
medo e obedeceu à tia. Porém, quando Mazé ia trabalhar e sua mãe limpava o
andar de baixo, a jovem ficava na sacada com duas longas tranças. Ás vezes, as
pessoas tentavam puxar conversa, mas ela não falava nada.
Numa noite
de Natal, essas mulheres estavam em casa. Quando, de repente, crianças bateram
na porta. Mazé abriu e elas entraram na sala gritando:
- Feliz
Natal!
De repente,
Tina conseguiu abrir a porta do quarto, desceu pelas escadas e suas tranças se
transformaram em chicotes longos tentando ferir as crianças que saíram correndo
de lá.
A tia
gritou:
- Por que
desobedeceu?!
- Viu o que
você fez?!
- Isso
aconteceu porque a sua pessoa é amaldiçoada.
Além desse
acontecimento assombrado, existia um homem mau que observava Tina da janela.
Uma certa
noite, ele subiu na sacada, entrou no quarto e tentou agarrar a adolescente.
Porém, suas longas tranças se transformaram em chicotes que feriram o homem até
a morte.
Mazé, ao escutar
o barulho, abriu a porta e viu o homem morto, apertado pelas tranças em formas
de chicotes.
Assim, ela
chamou a polícia e os guardas contaram que o rapaz era um tarado que estava
sendo procurado na região e que já tinha atacado mais cinco mulheres.
Desse jeito,
Tina recebeu o apelido de Rapunzel das tranças de chicote.
O casarão
existe até hoje no Centro de Curitiba e agora funciona um comércio ali dentro.
Mas depois da meia-noite muita gente afirmou ver uma moça com tranças de
chicote na sacada do segundo andar.
Luciana do
Rocio Mallon
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