quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Lendas dos Telefones Públicos dos Cemitérios de Curitiba


Lendas dos Telefones Públicos dos Cemitérios de Curitiba
Nos anos 70, foram colocados telefones públicos em todos os cemitérios de Curitiba. Isto gerou várias lendas que leremos abaixo:
- A Canção do Cemitério:
Laura era uma menina de quatro anos de idade, que só dormia com sua mãe, Valquíria, cantando a música:
“ – A fada da princesa se perdeu no campo-santo
Ela foi colher flores para a bailarina que virou anjo.”
O problema é que naquele mesmo ano, Valquíria teve um acidente de carro e morreu na hora.
Assim Laura não conseguia dormir. O pai ficou desesperado e procurou uma psicóloga que recomendou a contratação de uma babá que soubesse cantar a mesma música antes da criança ir para a cama. Depois de várias entrevistas, o homem escolheu a nova funcionária. Na mesma noite, ela tentou cantar a canção para a menina. Mas ela não aceitou e exclamou:
- Só dormirei quando eu escutar a voz da minha mãe!
- Pode ser até pelo rádio ou pelo telefone!
- Mas quero ouvir a voz da minha mãe!
Deste jeito, a babá pegou uma vela, acendeu num castiçal da sala e orou:
- Dona Valquíria, onde a senhora estiver, por favor, cante para sua filha todas as noites!
Naquele mesmo instante, o telefone tocou, Laura atendeu e disse:
- Mamãe, quantas saudades!
- Eu amo esta canção que me dá sono!
Após isto, a garota dormiu com o gancho do telefone no ouvido.
A empregada pegou o aparelho e escutou a voz de uma mulher cantando que desligou de repente.
A partir daquela noite, Laura passou a receber as mesmas ligações antes de dormir. O pai da garota, assustado, resolveu colocar um identificar de chamadas no aparelho. Mas se surpreendeu ao descobrir que as ligações vinham do telefone do mesmo cemitério onde a sua esposa foi enterrada.
- A Louca Por Pizza:
Nos anos 80, Renata era uma maníaca por pizzas. Todos os finais de semana ela ligava para a pizzaria e pedia uma pizza diferente. Ela era uma moça caridosa e dedicada à igreja. O problema é que sempre caia em tentação por causa dos pecados da gula e da luxúria. Pois ela agarrava todo o motoboy que trazia sua comida preferida.
Um dia, ela morreu engasgada com um pedaço de pizza.
Quando chegou ao Céu, São Pedro disse:
- Você não foi boa o suficiente para entrar no Paraíso.
Desta forma, ela foi ao Inferno. Porém o Diabo falou:
- A sua pessoa não foi má o suficiente para ficar aqui. Por favor, procure o anjo do umbral ou do purgatório.
No purgatório, o querubim disse:
- Você trabalhará aqui ajudando as almas. Mas como você auxiliava os outros na Terra, receberá um prêmio:
- Todo o final de semana, voltará a ser gente para comer pizza e namorar os motoboys.
Assim Renata passou a pedir pizzas pelo telefone público do cemitério e a puxar os motoqueiros para cima do seu túmulo. Até hoje os motoboys sempre acordam, no dia seguinte, em cima do seu túmulo e com a embalagem da pizza toda devorada.

O Ouvinte Morto:
Em Curitiba, no bairro Pilarzinho, dizem que existe uma rádio onde há fantasmas. Pois pessoas afirmam que a emissora foi montada numa casa em que o proprietário, um homem que gostava de música clássica, se suicidou. Nos anos setenta, quando esta rádio foi inaugurada, os produtores só tocavam pop e rock. Então, freqüentemente, no meio das músicas destes estilos surgiam melodias eruditas do nada. Assim um técnico foi chamado, mas de nada adiantou. Deste jeito um dos diretores mandou um padre benzer a emissora e depois deste acontecimento as canções passaram a tocar normalmente. 
Nos anos oitenta, esta rádio decidiu fazer um programa romântico à noite, onde os ouvintes pediam músicas de amor, declamavam poesias e falavam com os locutores sobre suas paixões. Uma certa vez, um idoso ligou para esta emissora de rádio e disse: 
- Alô, meu nome é Antônio Souza, eu gostaria de fazer uma declaração de amor para minha esposa e pedir sua música favorita: Close to You da banda Carpenters. 
O locutor respondeu: 
- Pode ficar à vontade. 
Assim o ouvinte falou: 
- Marisa, não chore, pois estou num lugar muito bonito. Você reza para que eu volte, mas isto só atrapalha minha evolução espiritual. Aqui neste lugar, eu encontrei nosso filho Lucas, que deixou a vida terrena há muito tempo e ele está se preparando para ser o novo membro da nossa família. Meu amor, você adorava escutar este programa romântico desta emissora, mas reclamava que eu nunca ouvia junto com você e que eu nunca fiz uma declaração de amor via rádio. Mas agora estou fazendo e até pedi a música que tocou no dia em que a gente se conheceu. 
De repente, o locutor disse: 
- Parabéns pela declaração de amor! 
- Gostaria de saber o bairro onde o senhor mora para que possa concorrer aos nossos prêmios no sorteio do final da noite. 
O homem respondeu: 
- Atualmente meu corpo está no bairro Alto São Francisco, mais precisamente no campo-santo São Francisco de Paula numa cripta pintada de azul. Porém minha alma que estava no umbral, agora foi para o céu, graças à declaração de amor que esta emissora me permitiu fazer. 
O disque-jóquei pensando que era trote, tirou a voz do idoso do ar e colocou a música Close To You. Como a linha telefônica da rádio tinha identificador de chamada, o locutor descobriu que a ligação veio de um orelhão que ficava dentro do cemitério São Francisco de Pádua. Assim o rapaz ficou intrigado e resolveu visitar o campo-santo. Chegando lá, encontrou uma cripta azul onde estava escrito: Antônio Souza. De repente, uma senhora chegou e ajoelhou-se em frente à cripta e disse: 
- Obrigada Antônio, pela declaração de amor que você fez na rádio! 
- O filho de Laura, nossa sobrinha, nasceu e ela colocou o nome de Lucas e disse que foi uma homenagem ao nosso pequeno que faleceu aos dois anos de idade. 
Após ver esta cena, o locutor ficou com medo de fazer programas românticos e decidiu trabalhar na parte esportiva. 
Luciana do Rocio Mallon


            


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