domingo, 21 de outubro de 2018

Amor Platônico, Leques e Flores


Amor Platônico, Leques e Flores
Nesta última sexta, fui ao centro da cidade e na volta das minhas atividades, bem na Rua Pedro Ivo, vi um rapaz vendendo flores. Logo pensei:
- Ele se parece com o moço que vende rosas junto com o meu amor platônico que tenho há uns vintes anos.
Assim eu disse:
- Você é amigo do (*nome do meu amor platônico, que não posso escrever aqui para não configurar assédio)?
O rapaz respondeu:
- Sou amigo dele, sim.
- Ele está vendendo flores, agora, ali na Praça Carlos Gomes.
- Você deve ser mais uma fã dele.
Desta forma eu expliquei:
- Sou bem mais do que uma fã. Pois sinto um amor platônico pelo seu colega há mais de vinte anos. Durante este tempo, o sujeito viajou, mudou de cidade e voltou para Curitiba.
Naquele mesmo instante, um vendedor ambulante de perfumes, no carrinho de mão, falou:
- Eu desconfio que ela deseja comprar uma rosa.
Desta forma, expliquei:
- Na verdade, não quero uma rosa. Mas sonho com um girassol que é o meu amado, pois na época em que convivemos juntos ele foi um Sol que iluminou a minha vida.
O perfumista disse:
- Você pode gostar de outro.
A minha pessoa explicou:
- Não tenho como amar outra criatura. Pois o sentimento que sinto por ele é mágico. Conheci o girassol num grupo de poetas e antes dele se mudar para outra cidade, fazia questão de me ver todos os dias.
Logo o vendedor de flores, pegando no meu ombro, disse:
- Eu levarei você até o meu amigo, venha comigo.
A minha pessoa explicou:
- Ainda não estou preparada para encontra-lo. Pois ele deixou bem claro para meus conhecidos que não deseja me ver. Além disto, faz dois anos que ele está em Curitiba e nunca me procurou. Tenho medo de ser acusada de assédio se aparecer para meu amado.
Mesmo assim, o rapaz insistiu em me levar até meu girassol. Mas eu saí correndo. Na rua seguinte, uma idosa mendiga me disse:
- Se eu fosse você, encontraria seu amado, hoje.
No mesmo instante um leque, que uso nas aulas de Dança, caiu da minha pasta.
A anciã viu e continuou:
- Tenho uma ideia:
- Você coloca o leque na cara, eu levo a sua pessoa até o moço e exclamo:
- Adivinhe quem está atrás do leque!
- Naquele mesmo segundo, você faz o leque cair vagarosamente e grita:
- Surpresa!
De repente dei uma risada e expliquei:
- A sua ideia é interessante. Porém ainda não estou preparada para levar um fora em praça pública.
A senhora comentou:
- Quem tem medo de ser rejeitado, em público, realmente não merece ser amado.
Assim dei as costas e fui até o ponto de ônibus. O problema é que a idosa tem razão. Pois para colher o girassol, precisarei tirar o leque protetor da minha alma e enfrentar os raios das pétalas da flor nem que eles me queimem em praça pública.
Luciana do Rocio Mallon






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