terça-feira, 24 de abril de 2018

A Bailarina do Céu Não Tem Caixa de Música e Nem Corda


A Bailarina do Céu Não Tem Caixa de Música e Nem Corda
Dias atrás um amigo falou para outro colega, a seguinte frase na minha frente:
- Não pode dar corda para a Tia Lu, senão ela funciona demais e acaba dançando quatro coreografias seguidas num palco.
Assim dei risada e comentei:
- Poxa, logo eu que pensei que era uma bailarina de caixinha de música e não de corda.
Deste jeito me lembrei da boneca Bailarina, da marca Estrela, do final dos anos 70, que quanto mais a criança dava corda mais ela girava. Porém se a boneca rodopiasse rápido demais, ela adquiria muitos mais riscos de cair no chão. Talvez a corda em excesso se transformasse em uma corda invisível de barbante, onde a bailarina se enforcava sem querer.
Naqueles tempos de infância, eu gostava de admirar a dançarina da caixinha de música, que também funcionava como porta-bijuteria. Mas o problema é que esta boneca sempre bailava a mesma canção e vivia presa numa caixa.
Sem falar que eu também admirava ver balé no teatro. Porém mesmo assim achava que o espaço da dançarina era muito limitado.
Com o tempo notei que não poderia dançar por causa da corda que algumas pessoas me davam. Pois não devemos bailar conforme os aplausos dos outros. Afinal se derem corda demais ou de menos cabe ao espírito buscar o equilíbrio interior.
Também percebi que não deveria ser uma bailarina de caixinha de música. Ás vezes, na vida, precisamos dançar conforme a canção. Porém não devemos aceitar sempre o mesmo ritmo e nem nos esconder num universo particular.
Assim refleti que a bailarina do palco vive uma fantasia, por isto ela precisa de um teto aberto que seja real.
Agora tento ser a bailarina do céu, onde as batidas de asas dos pássaros também são aplausos. Esta dançarina ergue os braços para saudar o Sol e sabe dançar nas pontas dos pés para driblar as dificuldades fazendo do tutu de filó um círculo mágico de proteção.
Hoje agradeço as cordas, mas procuro não me sentir pilhada e busco funcionar com a luz do Sol da força interior.
Porém se alguém me der corda demais não me recusarei a dançar mesmo que seja com moderação. Pois há sonhos que precisam ser compartilhados.
Luciana do Rocio Mallon        
 






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