sexta-feira, 8 de julho de 2016

Uma Gravata Azul-Turquesa Para Alex

Uma Gravata Azul- Turquesa Para Alex
Em 2002, eu estava sentada na mesa de um sarau de poetas. Quando, de repente, um grupo de pessoas sentou-se na mesa de frente. Entre estas criaturas estava um menino muito bonito de cabelos loiros compridos numa aparência que lembrava o cantor Kurt Cobain.
Quando ele me olhou, levei um susto, pois o garoto tinha um olhar azul-turquesa e reza a lenda que a pessoa que possui este tipo de azul nos olhos tem o poder de ler a alma das pessoas. Por isto, fiz de tudo para desviar do seu olhar.
Então, naquele evento, chegou a hora de eu fazer repentes poéticos. Deste jeito, as pessoas me deram temas variados. Mas o garoto, dos olhos de turquesa ,sugeriu a palavra Jesus e eu fiz o poema. Depois uma das moças daquela outra mesa pediu para que me juntasse ao grupo e descobri que o rapaz se chamava Alex.
Algum tempo se passou e moço dos olhos de turquesa confessou que tinha dificuldades em Informática. Por isto, convidei o moço a usar os computadores de um projeto social que eu frequentava. A partir daquele momento, ele passou todos os dias a ir ao projeto para usar o computador e conversarmos. Alex, geralmente, se vestia com um terno e uma gravata vermelha.
Um dia tomei um susto quando ele chegou ao meu ouvido e disse:
- Meu sonho é ter uma gravata azul-turquesa da cor dos meus olhos.
Assim tive a ideia de comprar uma gravata desta cor para presentear no dia do aniversário dele.
Deste jeito, saí à caça da tal gravata. Depois de andar pelo centro inteiro de Curitiba, achei uma peça da cor tão esperada numa loja. Mas como não tinha pacote de presente, a lojista colocou o presente numa sacola transparente. Porém, no ônibus, uma criança agarrou o pacote e disse:
- Quero esta gravata azul!
Não tive como resistir e dei a gravata à criança.
No dia seguinte voltei à mesma loja e comprei uma gravata de cor igual que ficou na mesma sacola transparente. Porém, um cachorro mordeu o pacote e levou o presente embora. Saí correndo atrás do bicho, mas ele desapareceu.
No dia seguinte passei na mesma loja, porém não tinham mais gravatas daquela cor. Desta forma andei de estabelecimento em estabelecimento e no quinto comércio encontrei uma peça com cor semelhante. A sorte é que desta vez tinha pacote de presente.
Quando chegou o dia quatro de agosto, aniversário de Alex, ele não apareceu no projeto social. Então telefonei para a senhora que alugava um quarto para ele. Porém, ela disse que o moço tinha voltado para Iburubá, interior do Rio Grande Sul. Assim resolvi consultar a Internet e descobri seu endereço no interior. Mandei pelo Correio a gravata junto com uns objetos que ele tinha esquecido comigo. Mas descobri que não chegaram ao destino.
Agora, sempre quando o céu fica azul-turquesa imagino que um anjo pega um pedaço do firmamento, costura, faz uma gravata azul-turquesa e entrega para o Alex em seus sonhos.
Luciana do Rocio Mallon




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