Lenda da
Boate Gruta Verde
Na época do
Brasil-Colônia veio para o nosso país uma bruxa chamada Ametita, que passou a
morar numa gruta verde no Sul.
Quando ela
chegou às terras tupiniquins, notou que suas habilidades como: trazer o amor
alheio em três dias, ler tarô e curar doenças não estavam trazendo o lucro que
desejava. Então, além destes serviços, a feiticeira resolveu abrir um bordel, que
batizou de Gruta Verde, onde contratava
mães solteiras que eram expulsas das casas pelos próprios pais. Ametita
enfeitava as moças muito bem. Por isto vinham até nobres de outros países para
visitar o lupanar da bruxa.
Logo surgiu
a lenda que, por aquelas bandas, existiam criaturas mitológicas como: fadas e
sereias. O problema é que surgiram boatos dizendo que estes seres eram quentes
e sensuais. Deste jeito os fregueses passaram a exigir fadas e sereias na
boate. Com criatividade, a cafetina fantasiou suas funcionárias com estes tipos
de figurinos. Mas a ideia não deu certo, pois os clientes notaram que os rostos
das moças eram os mesmos.
Desta forma,
a bruxa resolveu capturar fadas e sereias de verdade. Por isto, ela mandou o
segurança, de sua casa de tolerância, ficar na beira do mar com uma rede para
pegar uma sereia. Porém, como precaução, ela colocou tampões nos ouvidos do
moço para que ele não fosse seduzido pelo canto deste ser mitológico.
Deste jeito,
o leão-de-chácara trouxe uma sereia ruiva muito bonita, chamada Solemar, que
logo foi colocada numa banheira com os braços presos às correntes.
Depois a
bruxa colocou um espelho, da quinta dimensão na floresta, para capturar fadas e
acabou prendendo a Fada Anabela. Ametita colocou a pobre numa gaiola de cristal
para que não fugisse.
Assim a
bruxa apresentou Solemar e Anabela como atrações especiais na boate. Desta
forma elas foram obrigadas a trabalharem naquele local.
Um certo
dia, a sereia teve a ideia de cantar uma música que tivesse o poder de colocar
fogo na boate, pois não aguentava mais ser escrava lá. Desta forma ela cantou a
canção das salamandras, que é capaz de gerar fogo em qualquer recinto e fez com
que as chamas derretessem suas correntes. Depois abriu a gaiola de cristal para
libertar a fada. Porém, o fogo já estava
alto e matou todo mundo que estava no lupanar.
Quando
chegaram ao Paraíso, São Pedro não aceitou nem a fada e nem a sereia no Céu
porque elas colocaram fogo na casa de tolerância matando várias pessoas. Porém,
quando as duas foram ao Inferno, o demônio não aceitou estas criaturas porque
não foram consideradas más o suficiente. Desta maneira, elas foram até o umbral
e um monstro disse que o destino delas era reencarnar na mesma boate como
castigo e viver por mais quinhentos anos com as aparências sempre jovens.
Então Solemar
e Anabela voltaram a trabalhar na Boate Gruta Verde, que foi reconstruída.
Uma vez, um
amigo meu de vulgo Piu Piu foi se divertir neste bordel. Ao chegar ao local, o
moço disse:
- Meu sonho
é ficar com uma sereia parecida com a Ariel do desenho.
Naquele
instante uma moça ruiva apareceu e disse:
- Sou
Solimar!
- Poderia me
pagar uma bebida?
Assim o
rapaz se divertiu e depois se deitou com a jovem. Porém quando acordou viu que
a moça estava dormindo numa banheira e que tinha cauda de sereia. Desta forma,
o pobre saiu correndo.
Reza a lenda
que o homem que frequenta a boate Gruta Verde e tem uma noite divertida com Solimar
ou Anabela, pode ver a cauda de sereia da ruiva se ela estiver numa banheira,
ou, pode ver as asas de Anabela se ela for colocada em frente a um espelho.
Luciana do
Rocio Mallon
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