sábado, 5 de agosto de 2017

Lenda de Amor do Moço do Isopor do Alfajor com a Emília da Rua XV de Novembro

Lenda de Amor do Moço do Isopor do Alfajor com a Emília da Rua XV de Novembro
Oswaldo era um órfão, ex-dependente químico que foi salvo por uma clínica cristã de recuperação. Um dos empregos que esta instituição ofereceu ao rapaz foi de vendedor de alfajor, na Rua XV de Novembro, no Centro de Curitiba. A comercialização deste doce servia para ajudar a clínica que recupera viciados em tóxicos.
Numa tarde de primavera, Oswaldo estava com seu isopor vendendo alfajor na Rua XV. Quando, de repente, avistou uma moça gordinha vestida com as roupas da Emília, personagem do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Então, naquele instante, ela deu um sorriso que encantou o rapaz. Por isto Oswaldo seguiu a jovem que desapareceu na frente do bondinho. Porém este moço continuou com vontade de ver a donzela novamente.
Oswaldo gostava do seu emprego. Mas achava que o alfajor deveria carregar alguma mensagem de otimismo em sua embalagem. No começo ele colocava bilhetes com mensagens bíblicas junto destes doces. Porém, depois passou a grudar papéis com frases de própria autoria como:
“Por mais que uma lágrima seja amarga, ela sempre encontrará um sorriso doce.”
“Este alfajor tem o açúcar da solidariedade
Junto com a encantadora baunilha da alegria
Na manteiga do choro de amor de verdade
Este doce tem o sabor da mais pura Poesia.”
Deste jeito, Oswaldo passou a vender mais doces de que seus colegas.
Um dia, ele estava abordando pessoas na rua. Quando, de repente, esbarrou numa cesta com bonecas de pano e caiu. Assim que o rapaz olhou para frente deu de cara com a Emília que tanto procurava. Então falou:
- Desculpe, moça.
- Qual é o seu nome?
A garota respondeu:
- Meu nome é Daniele e minha missão é proteger os ambulantes que trabalham na Rua XV de Novembro. Portanto tenho um recado:
- Nunca vá para o Largo da Ordem!
O rapaz exclamou:
- Não acredito em avisos de humanos!
- Pois, Deus e os anjos me protegem!
- Aliás, onde você mora?
A donzela respondeu:
- Eu moro no céu!
- Cuidado: quando eu era viva, eu também não acreditava em avisos.
Naquele mesmo instante, a Emília despareceu.
Porém, à noite, Oswaldo ignorou o aviso e decidiu vender seus doces no Largo da Ordem. Assim na frente da fonte do Cavalo Babão, ele abordou uma moça bonita para mostrar seu alfajor. De repente, o namorado ciumento da jovem apareceu, deu um tiro em Oswaldo que faleceu no mesmo instante.
Quando este moço chegou ao céu, um anjo disse:
- Infelizmente, você não pode entrar aqui porque ignorou o aviso de sua amada.
- Portanto você voltará ao mundo, como fantasma, e precisará vender 1000 doces para entrar no céu e conquistar o amor de sua Emília.
Desta maneira, Oswaldo aceitou sua missão e, hoje, encontra-se vendendo doces, no isopor, na Rua XV de Novembro, com um detalhe: ele derrama lágrimas azuis e com cheiro de flores. Porém ele sente muitas saudades de sua Emília e por isto pretende cumprir a cota logo.
Então se um dia você encontrar um rapaz vendendo alfajor derramando lágrimas azuis e perfumadas, saiba que ele é o Oswaldo desta lenda.
Luciana do Rocio Mallon


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