sábado, 26 de março de 2016

Eu Abro os Livros e Abro as Pernas, Mas às Vezes Não Consigo Abrir Meu Coração

Eu Abro os Livros e Abro as Pernas, Mas ás Vezes Não Consigo Abrir Meu Coração

 Li num muro com letras nada fraternas:
“ Abra os livros e feche estas pernas!”
Mas fazer uma abertura não me impede de ler
Realizo este passo de balé lendo com prazer!

Eu abro os livros, ao mesmo tempo, que abro as pernas
Este exercício me torna uma pessoa resiliente
Minhas pernas transformam-se em páginas eternas
Em cada livro que leio tão alegre e contente!

Quando eu uso decote num calor quente
Sinto que consigo abrir o meu profundo peito
Para um livro que se sentia abandonado e carente
Numa estante velha, triste e sem jeito!

Só não consigo abrir o coração por causa do preconceito
Há segredos trancados e presos dentro do meu espírito
São aves que desejam voar, mas que se deitam no leito
Por causa da sociedade cruel que prende o sonho lírico

Eu abro o livro, eu abro as pernas e abro o que eu quiser
Porque acima de tudo sou uma independente mulher
Só não sei quando abrirei meu coração nesta terra doente
Mas o livro e o balé não deixam minha alma ficar carente

Realizar um passo de dança com abertura
Tendo, nas mãos, um livro de leitura
É um gesto de amor, doçura e ternura
Contra o preconceito, ele tem a cura.
Luciana do Rocio Mallon








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