Lenda da Cigana do
Chicote
Na Idade Antiga, uma caravana de ciganos estava
passando perto da Mesopotâmia. Então
estes nômades decidiram acampar perto de uma cidade abandonada, daquela mesma
região. Assim a cigana Lia, que estava grávida, resolveu passear pelo local até
que encontrou uma estátua de uma gata peluda, com formas de mulher, com um
chicote na mão.
Quando ela chegou ao acampamento, o kaku, que é um
líder espiritual dos ciganos, pediu para que a moça jogasse a estátua fora. Mas
a jovem não obedeceu e guardou o objeto em seu baú.
Meses depois Lia deu à luz a uma menina, porém
faleceu no parto. O bebê foi batizado de Brechinari.
Quando esta menina completou cinco anos de idade,
ela estava mexendo no antigo baú da sua falecida mãe e achou a estátua da
mulher-gata com um chicote. Após isto, a menina pegou os chicotes dos adultos e
passou a adestrar animais com eles.
Quando ela completou treze anos de idade saqueadores
resolveram atacar o acampamento. Os ciganos tentaram se defender com suas
armas. Mas Brechinari entrou na frente, da briga, com dois chicotes que se
multiplicaram e feriram os bandidos, que acabaram indo embora.
Esta garota estava noiva de Ivan, um cigano do mesmo
acampamento, que era antipático com ela. Um certo dia, esta donzela chamou o
noivo para conversar, porém ele foi grosso com a pobre. Deste jeito Brechinari
pegou o chicote e bateu no rapaz, que após as surras apaixonou-se por ela e
aceitou o casamento.
No dia de seu matrimônio, Brechinari confeccionou
uma saia feita de chicotes coloridos e um espartilho de couro.
Após a festa, o kaku
chamou a jovem para conversar e explicou:
- Eu sei que você está com a estátua da mulher-gato
com o chicote e foi ela que lhe deu todo este poder.
- Mas, por favor, jogue-a fora!
A cigana disse:
- Por que eu deveria jogar esta imagem fora?
O mago respondeu:
- Esta figura de mulher-gato com chicote era uma
deusa de uma cidade perto da Mesopotâmia. Ela significava que até no prazer
mais sensual existem conseqüências, que ás vezes transformam-se em dores. Mais
tarde surgirão escritores que descobrirão este significado, porém eles
deturparão esta imagem em favor da luxúria.
- Por favor, se livre desta estátua!
Brechinari explicou:
- Esta imagem me deu habilidades que eu tenho com o
chicote. Porém se o senhor e nem o resto das pessoas daqui desejam entender
isto, prefiro ir embora.
Deste jeito a cigana sumiu do acampamento e fugiu
com um circo que estava apresentando-se num local perto. Lá ela virou domadora
de animais selvagens. O problema era que alguns homens, depois do espetáculo,
pediam para que Brechinari torturasse os corpos deles com o chicote. Por
pressão do dono do circo, a cigana passou a aceitar as propostas.
Reza a lenda que alguns séculos depois, o escritor
Leopold Von Sancher Masoch avistou um acampamento cigano perto da sua casa e
pediu para que estes nômades contassem alguns causos, entre estas histórias
estava a Lenda da Cigana do Chicote. Este relato também serviu de inspiração
para este escritor elaborar a obra chamada A Vênus das Peles.
Por coincidência, existe um balé chamado Dança da
Cigana dos Chicotes, onde a bailarina mexe com chicotes enquanto gira com suas
saias largas. Há, também, movimentos na Dança Flamenca em que a “bailaora”
imita chicotes com as saias e com os braços.
Luciana do Rocio Mallon
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