Sou a Mistura de Todas as Mulheres Que Você Nunca Teve
Nesta noite, você está na cama com suspeita de Covid
Por isto seu espírito veio me fazer um convite 
Para abrir os portões das lembranças escondidas
Nos vales das saudades lascivas e proibidas
Das moças que você nunca conseguiu ter
Sou a mais maluca e doida mistura 
Do sonho de um impossível prazer
Que leva a sua cobiça à loucura 
Tenho o sorriso da jovem que distribuía panfleto na rua 
Porém que você não pegou por puro preconceito 
Mas que um dia imaginou bailando, totalmente, nua 
Entre as pétalas de rosas e as almofadas do seu leito
Possuo o andar da moça que limpava o piso
Com o cabelo crespo e armado, nada liso
Mas que você não disse nem sequer bom dia 
Apesar de ter sentido harmonia e simpatia
Tenho o perfume da dama da encruzilhada 
Que você seguiu, mas desistiu por medo 
Naquela madrugada sangrenta e enluarada
Quando você voltou para a casa mais cedo 
Possuo a suavidade da menina 
Que sentava na primeira carteira 
Sonhando em ser uma leve bailarina
Mas que você tratava na zoeira 
Hoje, você está deitado com suspeita de Corona
Sua alma me beija e me transformo em chorona
Mas ainda viveremos nosso amor em outro universo
Além das estrelas na galáxia da rima e do verso 
Onde a paixão não se transforma em desejo perverso
Sou a mistura de todas as mulheres que você nunca possuiu
Neste mundo de ilusões da profunda cor anil.
Luciana do Rocio Mallon
 
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