Os Ursos
Azuis, o Gravador e o Menino Que Nunca Ganhou um Livro de Poesia
Quando eu
tinha seis anos ganhei, da minha madrinha, um urso de pelúcia grande e da cor azul
marinha. Então decidi botar o nome de Osvaldo porque achava que era nome de
poeta. Mas, naquele instante, pensei:
- Talvez
este nome esteja errado!
- Pois não
faz concordância!
- Por isto o
certo seria Osvaldos com “s” e não Osvaldo no singular. Quem sabe dentro do
urso Osvaldos existam muitos Valdos nele e muitas personalidades também.
Deste jeito
passei a brincar com o urso azul. Na minha imaginação ele era sério, por isto gostava
de olhar as estrelas. Assim à noite eu colocava o brinquedo de pelúcia na
janela para admirar as estrelas. Depois contava histórias e declamava poemas
para o urso dormir.
Perto da casa
da minha vó, no bairro Cabral em Curitiba, havia uma menina que era cadeirante,
que também tinha um urso parecido com o meu. Um dia esta garota falou que seu
sonho era ter um brinquedo que lesse poemas. Assim eu disse que podia ler
textos em voz alta para ela. Mas minha amiga falou que preferia escutar o urso
de pelúcia lendo. Deste jeito contei sobre este sonho para seu avô. Então o
idoso resolveu abrir o urso nas costas, colocar um gravador com uma fita de
poemas lidos por mim e por ele, também, lá.
Desta
maneira gravamos poemas de escritores famosos como Cecília Meireles, Vinícius
de Moraes e uns de minha autoria. Depois o ancião colocou um gravador pequeno
atrás do urso da garota. Quando chegou o dia do aniversário da pequena, ela
amou a surpresa.
O tempo
passou, o meu urso Osvaldos foi doado para um orfanato e a menina do bicho de
pelúcia que lia poemas se mudou da cidade.
Já na idade
adulta, em 2017, conheci um amigo chamado Osvaldo. Assim contei para ele que
tinha um urso de pelúcia chamado Osvaldos no plural. Conversa vai e conversa
vem este meu amigo confessou que tinha fascinação pela magia das velas e que
nunca ganhou um livro de Poesia.
Logo pensei:
- Assim como
o urso gostava das estrelas luminosas, meu amigo curte velas que também são
elementos que levam as criaturas para às luzes. Além disto, ele gosta de poemas
igual ao brinquedo de pelúcia.
Por isto
presenteei Osvaldo com o livro, Conexão III, que é uma coletânea de poemas, de
vários autores, onde participo com dois textos de minha autoria. A obra foi
organizada pelo editor Amauri Nogueira com a capa de Vanize Zirmemman.
Fiquei
contente ao saber que meu colega gostou do presente.
Pois bichos
de pelúcia, livros de Poesia e amigos são seres inesquecíveis e eternos. A vida
é um laço do vaqueiro chamado Destino, em forma de roda gigante, que dá voltas
trocando os elementos das suas posições originais. Afinal os momentos eternos são
aqueles que sempre trazem as emoções mais marcantes. Ursos azuis são raros e
amigos que gostam de Poesia, também. Por isto, eles precisam ser valorizados.
Luciana do
Rocio Mallon
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