Lendas
Sobre a Música Se Essa Rua Fosse Minha
Meu
nome é Luciana do Rocio Mallon e sou pesquisadora de lendas.
Nos
últimos dias, recebi as seguintes mensagens:
- A
música, Se Essa Rua Fosse Minha, tem lenda?
-
Qual a origem da cantiga, Se Essa Rua Fosse Minha?
Minhas
respostas abaixo:
-
Antes de responder, eu começo a explicação com outra pergunta:
-
Vocês notaram que em toda a novela das seis, a Rede Globo, coloca a música, Se
Essa Rua Fosse Minha em alguma cena?
-
Curioso, não é mesmo?
Bem,
essa canção é cheia de lendas, citarei algumas abaixo:
Lenda
Medieval do Anjo Solidão no Bosque Obscuro:
Segundo
a professora, Regina Bostulim, reza a lenda que em Portugal medieval, existia o
mito de um anjo, chamado Solidão, que morava num bosque obscuro e que pegava
crianças que fugiam para o meio do mato e que não queriam dormir. Assim as almas
dos pequenos ficavam presos nesse bosque para sempre.
Essa
lenda também era muito comum nos Açores.
Então
arqueólogos e historiadores acharam os registros de outras canções de ninar
daquela época onde o anjo chamado Solidão é citado várias vezes. A relação
entre anjo e bosque surgiu no Brasil, no século dezenove, na cantiga de ninar:
Se Essa Rua Fosse Minha.
As
diferenças são que na versão mais conhecida da canção, o bosque se chama
Solidão e o anjo que mora nele roubou o coração do eu lírico do compositor:
“Nessa rua
Nessa rua tem um bosque
Que se chama
Que se chama solidão
Dentro dele
Dentro dele mora um anjo
Que roubou
Que roubou meu coração”.
Só
que na escola eu aprendi, com a professora Susi Oliveira, do maternal, a
seguinte versão que não é muito conhecida:
“
Nessa rua, nessa rua tem um anjo que se chama Solidão.”
Aliás
essa música também é uma cantiga de roda. Além disso, toda a cantiga de rosa
tem origem nas danças circulares sagradas.
As
danças circulares eram usadas em rituais para proteção.
Assim
a lenda veio até o Brasil através dos imigrantes portugueses.
Lenda
da Calçada de Brilhantes:
Segundo
arqueólogos e historiadores, no século dezenove quando algum pretendente rico
queria impressionar a sua pretendente, geralmente, ele fazia uma calçada decorada
que ia da casa da amada até o final de sua rua.
Bem
isso tem relação direta com a música, na parte:
“Se essa rua
Se essa rua fosse minha
Eu mandava
Eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas
Com pedrinhas de brilhantes
Para o meu
Para o meu amor passar”
Relatos
históricos:
Em
1880, o professor, Alfredo Vale Cabral, publicou em 1884 um artigo sobre
canções populares da Bahia e nesse texto tinham os versos: “Se essa rua fosse minha / eu mandava ladrilhar / de
pedrinhas de brilhante / para o meu amor passar".
Ainda no século dezenove, essa música foi cantada em
homenagem à Princesa Isabel.
Nos anos 20, Villa-Lobos fez uma adaptação dessa cantiga para
o piano e ficou maravilhosa.
Nos anos 30, Mário Lago e Roberto Martins fizeram uma outra
releitura para a canção.
A Canção de Roda Mais Triste Segundo Profissionais de Saúde
Mental:
Psicólogos afirmam que, Se Essa Rua Fosse Minha, é a cantiga
de roda mais triste. Embora, eu não concorde, farei uma análise literária da
letra aqui:
“Se essa rua
Se essa rua fosse minha
Eu mandava
Eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas
Com pedrinhas de brilhantes
Para o meu
Para o meu amor passar “
Na parte acima, o compositor endeusa a pessoa amada. Pois ela
é digna de pisar numa rua especial. Mas, no fundo, ele manifesta traços
narcisistas porque um dia sonhou em ter uma rua só para ele.
Já no trecho abaixo, fica nítido que o amor não é
correspondido porque tem um bosque chamado Solidão e ele trata a pessoa amada
como uma entidade onírica, pois ela é um anjo que roubou o coração dele,
características típicas do Romantismo do século dezenove:
“Nessa rua
Nessa rua tem um bosque
Que se chama
Que se chama solidão
Dentro dele
Dentro dele mora um anjo
Que roubou
Que roubou meu coração.
E você?
Concorda com tudo isso?
Por favor, deixe sua opinião na parte de comentários.
Luciana do Rocio Mallon
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