Lenda do
Chimarrão
Na América
do Sul, existia uma índia chamada Yari, que gostava de cuidar de idosos e de
animais. Ela, também, fazia brinquedos com os recursos da natureza. Um dia esta
garota pegou a cuia, fruto da cuieira, uma corda e, com estes materiais, fez um
pião. No meio da brincadeira, esta menina escutou a voz de Tupã:
- Tenha
sempre cuias por perto. Pois, elas serão instrumentos básicos para que você
faça uma bebida mágica.
O tempo
passou, Yari cresceu e chegou a hora da tribo, desta moça, partir para outras
terras. O problema é que o pai desta jovem estava muito idoso e não conseguia
mais andar. Então Yari afirmou que permaneceria com o seu pai, no mesmo local,
e abriria a mão de um casamento. Assim eles transformaram a velha tapera em
hospedaria no verão. Pois, no inverno, estes índios costumavam morar debaixo da
terra.
Numa tarde
ensolarada, um homem vestido com roupas semelhantes de um astronauta, apareceu
e pediu pousada para Yari e o pai. Desta forma, os dois trataram o hóspede
muito bem. Na manhã seguinte o moço misterioso confessou que era um anjo enviado
de Tupã e, por sua boa ação, estes índios teriam direito a um pedido. O idoso
pediu para recuperar sua saúde com o objetivo de deixar Yari livre. Deste jeito
o mensageiro de Tupã mostrou a muda de uma planta chamada Caá, pegou uma cuia e
um canudo de bambu. Depois explicou como se prepara a bebida com a planta,
colocou o liquido na cuia e botou o canudo dentro dela. Após isto deu para o ancião
tomar. De repente, o idoso sentiu-se vigoroso e forte. Por isto gritou a
palavra:
- Chimarrão!
Pois no
idioma daqueles índios chimarrão era a palavra usada para designar a pessoa,
ou, animal que estava doente, mas se recuperou de uma forma mística.
Depois deste
acontecimento, o mensageiro de tupã exclamou para Yari:
- Moça, por
ter executado um comportamento exemplar à vida inteira cuidando de idosos e
animais, você foi promovida de humana para a Deusa da Erva-Mate!
- Agora, sua
missão é ensinar o preparo desta bebida para todos os índios e até para os
brancos que tentam catequiza-los.
Então a
índia pegou seu cavalo e partiu para sua longa missão. Deste jeito ela ensinou
a fazer o chimarrão para todos os indígenas. Uma vez ela entrou em uma missão
jesuíta e viu um frade falando ao outro:
- Tem uma
bebida estranha, dos índios, chamada chimarrão. Ela é muito esquisita, por isto
temos que proibi-la.
De repente,
Yari entrou e disse, com uma cuia nas mãos:
- Boa tarde!
- Gostariam
de experimentar este liquido?
Os padres
aceitaram e comentaram:
- Excelente!
- Qual é o
nome desta bebida?
A índia
explicou:
- O nome
deste líquido é chimarrão. Porém, contarei mais uma novidade:
- Esta
bebida tem o poder de tirar alguns índios do vício do alcoolismo.
Então os
padres decidiram não proibir o chimarrão e notaram que esta bebida tinha a
magia de tirar os índios do vício do álcool.
Reza a lenda
que Yari anda até hoje pelo Sul da América do Sul, com o seu cavalo encantado e
com um chimarrão nas mãos.
Luciana do
Rocio Mallon
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