O Meu Relógio Sem Pilhas e o Relógio Parado do Paulo Coelho
Nos anos 90 quando eu era adolescente praticava muitas
atividades ao mesmo tempo. Uma vez, estava muito apurada e, sem querer,
esbarrei numa pobre senhora, que nem sequer eu conhecia, em plena rua. Mas, ela
percebendo minha angústia para fazer as coisas, exclamou:
- Você parece um relógio parado, pois com a pressa de querer
fazer várias coisas ao mesmo tempo, acaba não fazendo nada!
Naquela mesma noite, liguei o rádio num programa romântico,
onde o locutor lia cartas de amor e declamava poesias. Quando, de repente, a
voz dele disse:
- O escritor Paulo Coelho tem uma frase que diz assim:
“- Mesmo um relógio parado consegue estar certo duas vezes
por dia.”
Naquele instante pensei:
- Hoje uma idosa falou que pareço um relógio parado.
- Será que pelo menos duas vezes por dia, consigo estar
correta?
O tempo passou e com a maturidade aprendi a fazer cada coisa
em sua devida hora, inclusive na Bíblia Sagrada está escrito que existe tempo
para plantar e tempo para colher.
Porém, neste ano de 2014, havia um relógio na sala que
estava a um mês parado. Mas, hoje dia 22 de fevereiro, minha mãe trouxe pilhas
do mercado e disse-me:
- Coloque estas pilhas novas no relógio da sala.
Eu, sem me importar com as horas que fazia naquele instante,
peguei o aparelho da sala e coloquei as pilhas. Assim, falei a minha mãe:
- Agora vou acertar as horas deste aparelho, de acordo com o
horário que o relógio na parede da cozinha está marcando.
Então levei o aparelho, recém consertado, para a cozinha.
Porém, me surpreendi quando vi que o horário correto que o relógio da cozinha
marcava era o mesmo que estava há muito tempo no aparelho que estava parado.
Desta maneira eu pensei:
- Nunca a frase do Paulo Coelho: “- Mesmo um relógio parado consegue
estar certo duas vezes por dia” fez tanto sentido.
Logo, imagens passaram na minha cabeça:
- Eu me transformava no coelho da Alice no País das
Maravilhas, depois eu virava o Big-Ben com aquela famosa música e explodia. Após
isto, eu virava uma ampulheta que, de repente, se quebrou no chão e virou uma
mistura de areia com cacos.
- Depois senti uma dor nos braços, como se eles fossem
ponteiros e tivessem sempre que dar as horas certas.
- Agora, tenho certeza de que há relógios dentro de nós: um
é o biológico e o outro é o moral. Muitas vezes o último não respeita o primeiro,
fazendo com que a angústia chegue até nós para ganharmos segundos. Porém, por
causa disto, depois perdermos tempo com várias horas tratando da saúde que
maltratamos por causa da pressa que um relógio tinha de ultrapassar o outro.
Afinal, o ser humano tem vários relógios dentro dele. Porém, ele é quem escolhe
qual relógio merece a pilha.
Luciana do Rocio Mallon
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