Discussões Sobre Comerciais Natalinos Dentro do Ônibus
Neste dia 20 de dezembro, eu peguei o ônibus, sentei atrás e
vi duas senhoras, uma loira e outra morena, conversando. A mais clara comentou:
- Como psicóloga tenho autoridade para dizer que aquele
comercial natalino do Boticário é tendencioso. Pois, o menino, que é filho de
pais separados, pega suas economias e compra um perfume para cada um. Depois
mente para a mãe que o presente é do pai e vice-versa. Assim, sua família passa
o Natal unida. Esta propaganda deveria ser proibida. Pois, pode gerar traumas
em filhos de pais separados porque estimula uma esperança que, na vida real,
não existe. Afinal, é melhor um casal divorciado e morando em casas separadas
do que um casal casado, onde os dois moram juntos, mas brigam o tempo inteiro.
Então, um pastor evangélico, que é famoso em Curitiba por
pregar nos coletivos, levantou-se e ralhou com a moça:
- Vocês, psicólogas, sempre foram a favor da separação e
contra a família!
- Afinal, a maioria dos seus pacientes são filhos de pais
separados!
- Então, se os casais desistirem dos divórcios, seus
clientes desaparecerão e vocês, psicólogas, morrerão de fome!
Logo, refleti:
- Nossa!
- Este homem pensa que somente os filhos de pais separados
têm problemas emocionais...
- Na realidade, os comerciais natalinos que mostram famílias
unidas, de uma forma festiva e sem nenhum esforço, é que podem deprimir algumas
pessoas, principalmente, os seres que não têm parentes e que foram abandonados.
Naquele mesmo instante, cheguei ao meu ponto de desci do
coletivo.
Luciana do Rocio Mallon
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