Enterrei Meu Caderninho de Pecados, Atrás da Igreja e Nasceu
uma Pimenteira
Em 1984, aos 10 anos de idade, fiz catequese na cidade de
Curitiba. Em dezembro, no final, do ano a catequista deu uma aula sobre
confissão. Assim ela, uma semana antes da primeira comunhão, disse que
deveríamos falar todos os nossos pecados ao padre, no sábado à tarde, para
realizar a primeira comunhão no domingo de manhã. Pois quem não falasse todas
as coisas erradas, que realizou, não poderia tomar a hóstia. Então perguntei:
- E quem tem muitos pecados, como faz para não esquecer?
A professora disse:
- Basta comprar um caderno de rascunho, dias antes, escrever
todos os pecados que lembrar e depois ler para o padre tudo o que escreveu.
Deste jeito pedi um caderno para minha família e falei que
era para uma tarefa da primeira comunhão. Assim, pouco a pouco, fui escrevendo
meus pecados, que variavam de xingar o cachorro da vizinha até jogar o par de
tênis velho no fio de luz. Porém, com medo que minha família descobrisse meus
erros, eu escondia a brochura debaixo do colchão.
Finalmente, chegou o dia da confissão, entrei com meu caderno
no confessionário e li, praticamente, cinquenta páginas. No final, o padre me
mandou rezar várias orações. Depois da penitência resolvi enterrar o caderno
numa horta abandonada atrás da igreja. Após este ato, uma idosa se aproximou de
disse:
- Sempre nasce pimenteira onde enterram pecados. Isto é sinal
de que a pessoa vai para o Inferno.
Domingo fiz minha primeira comunhão. O ano de 1985 veio e
passou. Já em 1986 minha família foi transferida para Brasília. Porém, em julho
de 1988, voltei para Curitiba e fui à missa na igreja onde fiz minha primeira
comunhão. Mas antes visitei a antiga horta, que não estava mais abandonada, e
vi que tinha uma pimenteira no local onde o caderno foi enterrado. De repente,
uma moça se aproximou e disse:
- Esta pimenteira está bonita e tem até flores!
- Sabe que ano passado eu via uma menina, parecida com você,
que tentava sempre arrancar a pimenteira pela raiz?
Porém respondi:
- Não poderia ser eu, porque eu estava morando em Brasília
desde 1986 e só volta para Curitiba, agora.
Desde jeito perguntei a mim mesma:
- Será que existe fantasma de gente viva?
Luciana do Rocio Mallon
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