A Eleição do Bicho Símbolo de Curitiba(Por Luciana
do Rocio Mallon)
Em Curitiba, o grimpeiro falou à gralha azul:
- Você viu, na TV, que a capivara virou símbolo de
Curitiba?
Ela disse:
- Isso é um absurdo!
- Afinal, você é o animal símbolo de Curitiba e eu
sou símbolo do Paraná!
O grimpeiro deu uma sugestão:
- Temos que fazer uma reunião com as lendas do
Paraná sobre esse assunto.
Então o dia do evento chegou. Lá estavam as lendas
mais conhecidas do estado como: Loira-Fantasma, Maria Bueno, Gato Bóris, Pirata
Zulmiro e Mula Milagrosa.
A gralha azul disse:
- A mídia elegeu a capivara como animal símbolo de
Curitiba, sendo que esse posto é do grimpeiro. Pois essa ave vive nos ramos dos
pinheiros do Paraná.
Então a coordenadora da reunião, Santa Maria Bueno,
disse ao grimpeiro:
- Por favor, fale sobre sua lenda e sua colaboração
com a capital do Paraná.
A ave contou:
- Quando o criador inventou o mundo, também criou a
primeira Araucária. Mas notou que do alto dela tinha uma espécie de cauda feita
de espinhos no topo, ele pensou que isso era estranho, mas naquele momento não
esquentou a cabeça com isso. Dessa forma falou:
“- Essa araucária maravilhosa precisa de um animal
como guardião!”
Então Deus pegou a cauda de espinhos do topo desse
pinheiro do Paraná e transformou em uma ave e falou:
“- Você será o grimpeiro, animal símbolo da futura
cidade de Curitiba!”
Após falar essas palavras, o grimpeiro exclamou:
- Minha lenda é essa!
- Agora, vem a capivara tomar meu posto!
- Isso é injusto!
De repente, a capivara entrou:
- Perdão!
- Eu nunca quis tomar o posto de ninguém.
- Pois na verdade, cheguei em 2016 para substituir
as ovelhas do Parque Barigüi.
- Então, de repente, vi que um caçador estava com
uma arma mirando a cabeça de um jacaré. Dessa maneira, corri em direção a esse
homem mau e derrubei o sujeito com sua arma que caiu no chão.
Assim o jacaré falou para mim:
- Obrigada por salvar minha vida!
- Como sou um jacaré mágico, você tem direito a um
pedido.
Eu disse:
- Gostaria de ser famosa em Curitiba, uma verdadeira
celebridade.
Após isso, ela se tornou o animal mais fotografado
do parque. Além disso, surgiram capivaras das mais diversas formas como:
pastel, bicho de pelúcia, almofada e etc.
Depois dessa explicação toda, as lendas se reuniram
e cochicharam entre elas. Então, Santa Maria Bueno disse:
- Decidimos que a gralha azul continua sendo o
símbolo do Paraná e o grimpeiro segue sendo símbolo de Curitiba.
Mas a capivara ganhará o prêmio de animal
celebridade da capital do Paraná.
Desse jeito a Loira-Fantasma entregou uma faixa de
miss para a capivara que abraçou seus novos amigos.
A capivara foi aplaudida. Mas, de repente, o Gato
Bóris exclamou:
- Já que temos ainda bastante tempo, tenho uma
sugestão:
- Que tal aproveitar a ocasião para eleger os
animais que têm lendas interessantes no Paraná?
Santa Maria Bueno exclamou:
- Excelente ideia!
Desse jeito a santa popular deixou papéis em cima da
mesa, pegou uma urna e disse:
- Cada animal pode contar sua lenda para ganhar um
prêmio, basta escrever seu nome e colocar dentro dessa caixa.
Dessa forma, cada bicho obedeceu ao regulamento.
Meia hora depois, Maria Bueno foi à pista e disse:
- Hora de abrir a caixa!
Assim, ela pegou um papel e leu:
- O primeiro nome que peguei é: gato Bóris!
- Por favor, se aproxime e conte seu causo ao
público:
O felino começou:
- Eu era um filhote de gato negro quando fui adotado
pelos donos de uma livraria que ficava no Largo da Ordem.
Numa noite, eu estava pulando entre as estantes.
Quando, de repente, um livro de Magia caiu no chão e se abriu ao meio. De
dentro da obra, saiu um mago, que disse:
- Ninguém lia esse livro e você me libertou. Assim,
em troca darei o poder de virar um humano nas noites de Lua cheia, entre onze
da noite e três da manhã.
- Então passei a virar homem nas noites enluaradas
do Largo da Ordem. Mas um dia eu estava passeando perto do monumento do Cavalo
Babão, um cachorro começou a correr atrás de mim e me machucou muito. Por isso
entrei na garagem ao lado da loja de artigos indianos e morri lá. Mas os donos me
enterraram aos fundos dessa mesma garagem e na parede do meu túmulo está
escrito a palavra “dinâmico”. Pois fui um gato dinâmico e sou considerado bicho
símbolo do Largo da Ordem.
Assim, a Santa Maria Bueno exclamou:
- Gato Bóris ganha o título de animal símbolo do
Largo da Ordem!
Assim, o Pirata Zulmiro tirou mais um papel da urna
e disse:
- Agora é a vez do Cavalo Babão!
Dessa maneira, ele se aproximou e disse:
- Sou o Cavalo Babão e quero ser reconhecido como o
chafariz mais criativo de Curitiba. Aliás, tenho muitas lendas e contarei
algumas delas:
- A primeira lenda de minha origem fala de uma Lua
de eclipse. Segundo essa versão, eu nasci num eclipse da Lua na Curitiba do século
dezenove. A tradição diz que um animal que chega ao mundo em noite de lua em
eclipse nasce babando e permanece assim. Então foi isso o que aconteceu comigo.
Assim os capatazes da fazenda, onde eu morava, me levaram para o mercado de
animais no Largo da Ordem e me deram a um menino de rua como presente. Por
gratidão revelei ao garoto onde existia um tesouro enterrado e ele se tornou
rico. Quando morri, esse meu dono, me enterrou onde hoje é o famoso chafariz do
cavalo babão em Curitiba.
Também há uma outra versão falando que eu fui o
último cavalo de carroça de uma velha “verdureira”, do bairro de Santa
Felicidade. Reza a lenda que no final dos anos 80, eu e minha dona fomos
atropelados perto do Largo da Ordem. Então em 1995, o prefeito da época,
resolveu fazer uma homenagem para nós e também aos tropeiros junto com os colonos
que comercializavam cavalos no século passado. Assim, para fazer essa homenagem
surgiu esse monumento do Cavalo Babão.
Depois dessas palavras todos aplaudiram o cavalo e
ele ganhou o troféu de monumento criativo.
De repente, um cachorro preto chegou, pegou o
microfone e exclamou:
- Aqui não é um concurso de Lendas do Paraná?
- Até agora só vi personagens de Curitiba aqui!
- Sou o cachorro Nego da Água de Umuarama e quero
contar minha lenda:
- No lago, Tucuruvi, havia um espírito solitário
chamado Caboclo da Água que pediu para que a Lua mandasse um companheiro a ele.
Dessa maneira, a Lua pegou a escuridão da noite, o brilho das estrelas e fez
esse cachorro que vocês estão vendo agora. Meu dono sabia se esconder das pessoas
porque já era personagem tradicional. Mas eu não conseguia e como gostava de
gente, essa nem era minha principal intenção.
Desse jeito, como eu nunca saía do rio, o povo me
achava simpático e como, ainda por cima, sou escuro como a noite, recebi o
charmoso apelido de Cachorro Nego da Água. Reza a lenda que nunca saio da água,
protejo os peixes da pesca ilegal e retiro o lixo que joga no rio.
Dessa maneira, Maria Bueno, pegou uma faixa e
colocou nesse cão dizendo:
- Esse é o bicho que ganhou o prêmio de melhor lenda
defensora da natureza.
Todos bateram palmas.
Como um raio, chegou uma mula no palco e falou:
- Sou a Mula Bela Vista e já morei no quintal da
Igreja dos Passarinhos em Curitiba. Depois fui transferida para uma fazenda
onde salvei dois meninos que se afogavam num rio.
Desse jeito, o Pirata Zulmiro exclamou:
- A Mula Milagrosa ganhou o prêmio de lenda mais
corajosa!
Então, quando vários
bichos, que eram lendas do Paraná, ganharam seus devidos títulos no evento, o
grimpeiro reclamou:
- Vi vários animais que
viraram lendas, que têm seus causos contados por professoras e contadoras de
histórias em vários lugares, mas é raro ver alguém contando a minha lenda e
muitas pessoas não sabem que sou símbolo de Curitiba.
O Pirata Zulmiro
explicou:
- Calma, grimpeiro!
- Pois essa reunião
será registrada num livro e depois que ele se tornar popular, todos conhecerão
sua lenda!
Após essas palavras,
todos os bichos, personagens de lendas do Paraná, se abraçaram.
Luciana do Rocio Mallon
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