Lenda do Fantasma da Coluna de Obituário
Numa cidade
do sul do Brasil, numa época em que ainda existiam jornais de papel, havia uma
moça chamada Maria.
Ela era
esforçada, pois trabalhava em três empregos sem registro em carteira e ainda
cuidava dos pais idosos.
Além disso,
essa jovem gostava de escrever textos para: cartas em programas de rádio, sites
na Internet e colunas de leitores em jornais impressos.
Maria sempre
lia o obituário, mas sempre notava algo estranho e pensava:
- Por que
quando escrevem sobre a morte de uma pessoa, colocam a profissão e a idade ao
lado do nome?
- Poxa, um
ser humano não se define em apenas uma profissão!
- Conheço
mulheres que trabalharam como autônomas de maneiras maravilhosas, porém em seus
obituários nos jornais conservadores, foram descritas apenas como
donas-de-casa.
- Como não
tenho registro em carteira e sou escritora, prometo que assustarei os
jornalistas que escreverem que apenas fui dona-de-casa ou do lar.
Numa ida de
um emprego ao outro, Maria foi atropelada e faleceu.
Ana, que
trabalhava no setor de obituário de um jornal famoso da cidade, publicou a nota
da morte de Maria assim:
“Maria, 27
anos, dona-de-casa.”
Naquela
mesma noite, a jornalista teve um pesadelo, onde uma moça de camisola branca,
porém com caneta e caderno nas mãos, disse:
- Sou Maria,
uma escritora que tinha três empregos, sem registro em carteira. Então, vim do
além para reclamar que você me registrou, no obituário do jornal, como apenas
dona-de-casa. Poxa, isso é humilhante porque tenho mais de 3000 textos na
Internet e, por causa da sua atitude, estou me sentindo um lixo no umbral.
Aliás, uma pessoa não pode ser definida apenas pela sua profissão. Todo o ser
humano tem uma história de luta por trás. Aliás, deveria ter uma seção dentro
do obituário, onde o jornalista escrevesse sobre um falecido que contribuiu
para a sociedade.
De repente,
Ana acordou ofegante e naquela mesma manhã propôs à editora-chefe que
acrescentasse no obituário, uma seção em homenagem aos falecidos que
contribuíram para a sociedade. Assim essa ideia foi aprovada na hora e a coluna,
logo nos primeiros dias, foi um sucesso. Pois leitores passaram a mandar
histórias emocionantes dos seus falecidos queridos para o jornal. Inclusive a
primeira publicação foi sobre a obra literária de Maria.
Luciana do
Rocio Mallon
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