Entrevista Com Iriene Borges
Como todos sabem, voltei a fazer entrevistas com artistas para minhas redes sociais. A entrevistada de hoje é a cineasta Iriene Borges:
1– Como descobriu que tinha o dom para ser cineasta?
Na verdade eu me considero uma
contadora de histórias. Eu demorei a descobrir o cinema como uma forma possível
para mim, não porque não o amasse, mas porquê parecia algo muito distante da
minha realidade. Vim de uma família humilde onde o sentimento de escassez
impedia que eu cogitasse coisas fora da minha realidade, como aulas de dança
que desejava, graças aos filmes que amava.
Na vida adulta, quando o curso
de cinema já era uma realidade em Curitiba, eu lia Slavoj Zizek e escrevia
sobre o filme Matrix, da distância que parecia me caber. Passou-se quase uma
década até que a vontade de continuar estudando, aprender algo novo, e aplicar
isso ao meu trabalho como professora me fez buscar a Pós-graduação em cinema da
UNESPAR.
Das artes eu escolhi, ou me
escolheu, talvez, a mais barata, que exige apenas papel e caneta para existir:
a poesia. E a poesia é narrativa, mesmo quado intentamos que não seja. E eu
neguei essa potencia narrativa na minha escrita e mais tarde na minha criação
como artista plástica. Foi na defesa do meu TCC da graduação que ouvi um
professor da banca dizer que não havia porquê fazer isso.
Fui investigar essa possibilidade
e vi a narrativa em tudo o que já havia feito. E mais: diferentes trabalhos e
diferentes suportes e as narrativas conversavam entre si, se complementavam de
certa forma.
Quando na pós tive que escolher
o tema do TCC optei pelo roteiro, mas contnuei na zona segura da crítica e fiz
o exercício de escrever minha própria versão de roteiro para o Livro o Perfume
de Patrick Suskind.
Passaram-se mais dois anos. E em
2017 eu estava numa entressafra criativa. Esta é uma zona de desespero para
poetas e criativos. Então vi um edital e pensei” Por que não escrever um
roteiro?”
Ao analisar o edital vi que o
cinema poderia fazer parte da minha vida criativa sim. E como a narrativa
sempre esteve na minha produção, eu recorri a um conto infantil criado em versos,
que começou como um poema em homenagem à minha fisioterapeuta e terminou como um roteiro de longa para
animação. Decidi que essa história precisava ser contada e fazer cinema passou
a ser minha missão de vida.
Amira foi o primeiro roteiro
escrito depois deste longa, que se chama
Helena Queria o Chapéu.
2 - Qual foi o primeiro filme que
você fez?
O primeiro filme do qual eu
participei foi na Pós-graduação. Chama-se Filhos deste solo. Amira foi o primeiro que comecei a produzir
por iniciativa e necessidade criativa minha. Enquanto a produção de Amira ficou
parada, eu fui co-roteirista e diretora do curta-metragem Caixas de Passagem,
através do Projeto Passeio Audiovisual que em 2019 nos premiou com equipamento
e um orçamento de 50 reais. Não lançamos porque nunca chegamos ao tratamento de
som que imaginamos para o filme, mas ele pode ser visto a quem solicitar
acesso, até que consigamos finalizar a contento.
3 – Além de Cinema, você exerce
outras artes?
Eu sou graduada em Gravura pela
EMBAP e pós-graduada em Cinema pela
UNESPAR. Escrevo poesia desde que me conheço por gente. Mas minha formação
acadêmica começou pela filosofia e passou pelo curso de pintura antes que eu me
graduasse em Gravura. Então eu pinto, das técnicas de gravura tenho predileção
pela xilogravura e pelo Ukyo-e e tenho me dedicado bastante à aquarela, técnica
muito explorada no ateliê infantil que dava aulas, pois as acrianças adoram. E
em 2020, tive a oportunidade de me aprimorar na aquarela para criar a arte da
Graphic Novel Scarlet Moon, forma que achei de usar o roteiro homônimo
desenvolvido em 2019 num núcleo de roteiro, para sobreviver ao impacto da
pandemia sobre a minha vida e modo de sobrevivência.
4 – Quais são as relações
das outras artes, que você exerce, com o Cinema?
Tudo se relaciona. Há
sobretudo uma mesma poética permeando
trabalhos aparentemente distintos.
Atualmente tenho expandido meu
universo poético do papel para a tela, na forma de videopoemas, o que evoca
todos os conhecimentos e experiências estéticas e narrativas acumuladas ao
longo dos anos. A plasticidade que preciso evocar nas imagens trago de minha prática de ateliê. Criar a
arte, o cenário e ser a protagonista, a diretora e a operadora da câmera, faz
com que me desdobre como artista. E narrativa proposta pelo roteiro, que foi
inspirado no poema, ganha uma nova nuance narrativa na mesa de edição. Ao
exercer todas as funções a multiplicidade artística que me tornei trabalha em
função dá linguagem cinematográfica.
5 – Você está produzindo um
filme chamado Amira, qual tema ele trata?
Amira trata da relação da mulher
com o próprio o corpo em relação ao
olhar do outro. É na relação com o outro que somos. Mas enquanto mulheres, existem condições para sermos. Condições
estas que nos despem de nosso poder e
nos objetificam. Amira começa ainda menina, tendo seu corpo devassado pelo
olhar que nada mais é do que o enquadramento. E
o que começa prazeroso se torna um embate. Amira não poder virar a louca
da história nem viver com medo. Como a fala icônica do filme Vem Dançar Comigo (1992) já determinou, “viver com medo
é viver pela metade”. Amira precisa ser inteira, não perder a linha de sua
construção e através da dança, portanto da capacidade criadora, vencer esse olhar que tenta dominá-la.
6 – Quais são os outros artistas que
participam de Amira?
Na equipe principal hoje somo
duas, eu e a Luiza Perine que é Filmmaker. Ela foi fundamental para a
pré-produção quando gravamos o vídeo usado na rotoscopia. Também foi nossa
fotógrafa e editora, tanto do vídeo live action quanto da animação. Com as
mudanças no processo ela segue como Editora . E ela é minha força. Me dá
suporte em tudo, desde uma postagem que não consigo fazer por causa do déficit
tecnológico que vivo hoje, até questões técnicas mais complicadas.
A Lua Arasaki foi nossa
coreógrafa e é nossa musa. Consideramos que o trabalho dela já foi feito. Mas
ela segue nos dando suporte e agora vai gravar por conta própria novas cenas
que vou animar para usar na divulgação do crowdfunding. Planejamos incluir uma produtora executiva,
que vem me acompanhando em muitos projetos e editais desde o início dessa aventura
cinematográfica. Mas não vou citá-la porque estou esperando o resultado do
crowdfunding e vai depender dela ter espaço na agenda para entrar para o time.
Além disso temos os músicos:
Diego Kovaslki, Acordeonista, e Vitor Cazé, percussionista. Eles vão gravar a
trilha sonora. Já tivemos uma composição original, já gravamos inclusive, mas a
perdemos, infelizmente. Agora estamos conversando com outro compositor que deve
entrar para o time nos próximos dias.
7 – Como funciona o
financiamento coletivo de Amira?
O crowdfunding está no catarse.
Os apoios começam em trinta reais. Todos os apoiadores recebem recompensas que
são diversos níveis de participação e acompanhamento do processo, determinados
pelo valor da contribuição. O prêmio máximo, que é para apoios de mil reais ou
mais, é uma consultoria sobre algum projeto do apoiador , seja no campo das
artes ou não. A ideia é apoiá-lo em, retorno, oferecendo um olhar criativo e
distanciado do seu processo.
Os apoiadores também serão os
primeiros a ver o filme pronto, pois
serão nosso teste de audiência, nossa
crítica, especializada ao longo processo.
O Crowdfunding visa cobrir, os
cachês dos profissionais envolvidos bem
como design de som e finalização. Além disso deve propiciar um upgrade
tecnológico que tornará o processo de animação mais ágil e ecológico.
8 – Como uma pessoa que deseja colaborar
com seu projeto deve proceder?
Basta acessar o site do catarse
através do link e escolher a modalidade
de apoio que cabe no seu bolso. Existe a possibilidade de apoiar via cartão de
crédito e via boleto, o que facilita bastante essa etapa.
9 – Dê um conselho para os jovens que sonham
em ser artistas.
Não tenham medo de tentar e não
se intimidem pelas dificuldades do mercado. Coloque o seu trabalho no mundo sem
medo.
10 – Deixe seus contatos, caso
alguém queira contratar seus serviços
Estes são os mais seguros:
Meu e-mail: irieneborgess@gmail.com e Celular 41-995905169
O direct do instagram também:
@irieneboges
https://www.instagram.com/irieneborges/
https://www.youtube.com/channel/UCFhvOo_jVAGxNKM7AQFe5sA
https://twitter.com/iriene48674548
Nenhum comentário:
Postar um comentário