Quarta-Feira de Cinzas Com a Fada da Saia Cinza
Quando eu era uma simples criança
Diziam que havia uma tia santa
Que nunca namorou e tinha pureza
Falavam que ela era fada com certeza
Mas as fofoqueiras diziam que ela era ranzinza
E nas missas de quarta só vestia saia cinza
Uma vez ela foi para a missa da quarta-feira
Depois do Carnaval, com jeito de freira
Então ela voltou com cinzas no meio da testa
Nem parecia que terça foi festa
Mas a cinza virava uma diferente personagem
A cada vez que eu encarava, no seu rosto, a paisagem
Ás vezes a cinza virava nuvem e às vezes flor
Talvez fosse ilusão de ótica ou miragem de amor
Só sei que vi no seu olho terceiro
Lindas figuras e suaves gravuras
De um jeito certeiro e verdadeiro
As cinzas trouxeram ternuras
Nunca me esquecerei da tia da saia cinza
Talvez ela fosse santa, mas nunca ranzinza.
Luciana do Rocio Mallon
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