terça-feira, 17 de dezembro de 2019

O Dia Em Que Me Chamaram de Mocinha de Novela das Seis

O Dia Em Que Me Chamaram de Mocinha de Novela das Seis
No final dos anos 90, eu andava na rua e, de repente, li num cartaz que estavam fazendo teste para uma peça de teatro com uma temática pesada.
Como precisava muito de emprego entrei no local e me propus a fazer a prova. No mesmo instante a recepcionista me deu um texto para decorar na hora. Usei meus conhecimentos em leitura dinâmica, entrei no palco e interpretei.
Porém a diretora falou:
- Você decora rápido e tem personalidade.
- Mas não é o perfil que estamos precisando no momento. Precisamos de alguém no perfil de mulher fatal. Porém você parece uma mocinha de novelas das seis de época. Se fosse para fazer a Escrava Isaura, Helena ou Alice eu contrataria a sua pessoa. Afinal você é tão leve que parece uma Fada.
Então voltei para casa. Mas, no instante não entendi a crítica.
Dez anos depois, precisei fazer aulas de Dança para melhorar a minha coordenação motora. Reparei que nas apresentações as pessoas gostavam quando eu fazia papel de fada ou de camponesa. Após as apresentações sempre diziam:
- Como você é leve!
Depois de uma demonstração minha, uma criança me abraçou e disse:
- As fadas existem!
Assim aprendi que para cada papel existe um perfil. Pois ser chamada de mocinha de novela das seis não foi uma crítica negativa. Na realidade, eu sou uma mocinha de novelas das seis porque: acredito em amor platônico, gosto de cuidar de doentes e idosos.
Luciana do Rocio Mallon



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