Autistas São Altistas Pois Estão no Alto do Céu

Autistas São Altistas Pois Estão no Alto do Céu

Quando eu estava no primário, não sabia que tinha Síndrome de Asperger, “déficit” considerado do espectro autista. Porém eu sabia que era diferente porque tinha problemas na coordenação motora fina e possuía dificuldade na noção espacial, aspectos que me causaram alguns transtornos na disciplina de Educação Física.

Naquela época havia muito preconceito sobre o autismo. Pois uma vez, liguei a televisão num programa chamado TV Mulher, onde uma psicóloga falou que o autista vive no seu próprio mundo. Logo pensei:

- Se o autista vive no seu próprio mundo. Então ele é quase um anjo, pois está perto do céu. Afinal somente quem sai do planeta Terra, um lugar sujo, é capaz de encontrar a verdadeira pureza.

Em 1984, eu tinha 10 anos e a professora pediu para escrever uma redação sobre pessoas com necessidades especiais. Assim eu resolvi falar sobre autismo. Porém escrevi errado, pois coloquei a palavra “altista” com a letra “l”, no meio, em vez da letra “u”. Deste jeito, entreguei a tarefa, a professora olhou e chamou a atenção:

- Por que você escreveu a palavra autista com a letra “l” o tempo inteiro?

Eu respondi:

- Na verdade eu pensei que a palavra autista se escrevia com a letra “l” que lembra a palavra “alto”. Pois segundo alguns médicos o autista vive no seu próprio mundo. Então isto é sinal de que ele vive no alto transformando-se num anjo porque está perto do céu. Afinal somente quem sai do planeta Terra, um lugar sujo, é capaz de encontrar a verdadeira pureza.

Naquele mesmo instante caiu uma lágrima de um dos olhos da professora e ela me abraçou.

Somente em 2004 descobri que tenho Síndrome de Asperger, que faz parte do espectro autista. Também verifiquei que o autista não vive em seu próprio mundo. Pois ele apenas enxerga o planeta Terra de uma forma diferente interagindo de uma maneira criativa. Mas que, infelizmente, poucas pessoas tem a capacidade de entender.

Luciana do Rocio Mallon