Uma Empreendedora Não Pode Ter Preconceitos
Se você deseja crescer no mundo do comércio, então é
importante saber que uma excelente empreendedora não pode ter preconceitos.
Talvez pareça hipocrisia eu falar isto. Mas em nome da boa educação e dos
ótimos negócios, um equilibrado comerciante precisa disfarçar seus preconceitos
e rever seus conceitos. Afinal é possível ter clientes de todos os partidos
políticos, religiões, raças, classes sociais, orientações sexuais e
necessidades especiais.
Ao ler o trecho acima aposto que você se lembrou
daquela famosa cena do filme chamado “Uma Linda Mulher” em que a atriz Júlia
Roberts faz papel de uma garota de programa, de rua, que veste roupas curtas e
chamativas. Porém, ela consegue um namorado rico, que lhe dá dinheiro para
comprar roupas de luxo. Mas ao chegar às lojas é maltratada por ser meretriz e
estar mal vestida. Mesmo assim, a jovem dá a volta por cima, retorna aos
estabelecimentos e acaba provando que possui dinheiro para realizar as compras.
A questão é que, na vida real, vendedoras e gerentes
preconceituosas não costumam ter uma segunda chance e por isto acabam perdendo
excelentes negócios. Por exemplo: Uma amiga carente, que se vestia de forma
humilde, estava procurando emprego e para isto, resolveu entregar seu currículo
nas lojas de Curitiba. Apesar dela não ter carteira assinada, possuía vasta
experiência na área comercial. Assim ela avistou uma placa onde estava escrito:
“Precisa-se de Vendedora Com Experiência Comprovada na Carteira”. Deste jeito,
a moça explicou sobre sua situação para a gerente responsável, que foi grossa
por ela não ter registro e estar com vestes simples. Por isto, esta gerente
rasgou o currículo, da minha amiga, na frente dela. A consequência foi que a
pobre saiu magoada. Seis meses depois, esta candidata a emprego passou num
concurso público para ganhar quatro vezes mais do que uma vendedora. Desta
forma, para se vingar do jeito que foi tratada na loja, minha amiga, muito bem
vestida pediu para que a gerente e as vendedoras tirassem todas as peças
possíveis para que ela experimentasse. No final, a jovem não levou nada. Porém
deu uma boa lição na gerente preconceituosa.
Em uma das lojas onde trabalhei, entrou uma cliente
com necessidades especiais com relação à visão e as outras vendedoras não
quiseram atender a moça alegando que pessoas cegas não compram muito porque não
podem ver. Notei que aquilo se tratava de um preconceito absurdo. Por isto,
atendi a jovem e fiz com que ela tocasse nos produtos, além de dar uma
descrição oral detalhada sobre cores, formas e durabilidade das peças.
Resultado: a freguesa comprou mais de dez produtos na loja, ficou satisfeita e
voltou outras vezes somente para ser atendida por mim, se transformando numa
cliente fixa.
Também gostaria de falar sobre o dia em que vendi
uma sandália da Sandy para um rapaz delicado.
Nos meses de novembro e
dezembro de 2003 , consegui um emprego de vendedora temporária em uma famosa
loja de calçados , aqui de Curitiba .
Lá , eu atendia todo o tipo de gente . Mas , o fato mais curioso foi quando eu vendi uma sandália da Sandy para um rapaz efeminado . Era uma tarde de novembro , quando um rapaz com blusa cor – de- rosa , calça jeans justa e brinco de estrelinha , entrou na loja e me perguntou : - Você tem a nova sandália da Sandy com bolinhas ? Então , educadamente , eu respondi : - Sim , nesta loja , vendemos este calçado . Assim , o rapaz perguntou : - Será que eu podia dar uma olhada ? Desta forma , levei este moço para o local onde estas sandálias estavam expostas e ele olhou os produtos atentamente e me perguntou : - Será que eu poderia experimentar a sandália da Sandy de número 39 ? É que na verdade , esta sandália é para a minha irmã , que calça o mesmo número que eu . Portanto , se a sandália servir para mim é sinal que ela serve para a minha irmã , também . Só mais um pedido : eu gostaria de experimentar este calçado no lugar mais discreto da loja . Assim , peguei a sandália e levei o moço atrás do balcão , onde ficava a caixa registradora , para que ele pudesse experimentar o produto de uma maneira sossegada . Quando o rapaz provou a sandália e viu que ela estava perfeita em seus pés , ele abriu um sorriso e afirmou : - Comprarei esta sandália ! Deste jeito , ele saiu contente da loja . Dois meses depois , o meu contrato com a loja tinha acabado e eu sai de noite para participar de um evento cultural , quando na volta , de madrugada , bem no centro da cidade , vi o mesmo rapaz com a sandália da Sandy nos pés e com roupas de transformista no corpo , entrando numa boate GLS . Então , pensei : - Nossa ! Este mundo é tão preconceituoso , que para um homossexual experimentar uma sandália feminina numa loja , ele é obrigado a mentir . Ainda , bem que eu nunca fui e nunca serei uma vendedora preconceituosa , afinal este foi mais um cliente que atendi e que saiu satisfeito.
Portanto, se você
deseja crescer no mundo dos negócios, não tenha preconceito e trate bem todos
os seus clientes.
Luciana do Rocio Mallon
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