Vai Ter Shortinhos X Meus Joelhos Ralados
Em 2015, duas jovens de uma escola laica de São Paulo
notaram que os rapazes podiam vestir shorts para ir à escola. Mas as meninas
não podiam entrar de shorts, nem de bermuda e nem de saia. Por isto, elas
fizeram uma campanha chamada “Vai Ter Shortinhos” para que as moças pudessem
usar estas peças consideradas proibidas, principalmente, no calor.
Achei estranho um colégio, localizado numa região onde faz
muito calor, proibir que as meninas vestissem bermudas e saias. Pois nos anos
80, na capital do Paraná, eu estudei numa rígida escola de freiras, onde o
tradicional uniforme azul com listras era obrigatório. Mas, os shorts curtos, desta
cor, eram liberados e mini-saia “prissada” xadrez também.
Como em Curitiba faz muito frio, eu usava os shorts nos dias
de calor e quando tinha Educação Física porque sempre fui muito desastrada,
vivia ralando os joelhos e as calças compridas ficavam todas furadas. Ás vezes,
quando o calor não era tanto, eu colocava os shorts por baixo e a saia prissada
xadrez por cima. Normalmente, somente na hora das aulas de ginástica, tirava a
saia e ficava com os shorts.
Como eu caia muito de joelhos no chão, usar shorts e saia
era uma questão de economia. Pois uma calça rasgada sempre deu mais prejuízo do
que joelhos ralados. No meu caso, não havia joelheira de “courino” que durasse.
Depois cresci, tornei-me muito “frioenta”, por isto calças e
saias compridas passaram a fazer parte de noventa por cento do meu armário.
Assim notei que shorts e mini-saia não tinham mais nada a ver com a minha nova
personalidade. Mas foi na idade adulta que entendi aquele famoso poema da escritora
Clarice Lispector que diz:
“Queria voltar a ser criança porque os joelhos ralados curam
bem mais rápidos que os corações partidos.”
Luciana do Rocio Mallon
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