Lenda do Bairro Boa Vista
No século dezenove havia, em
Curitiba, uma senhora apelidada de Tica que morava numa fazenda na parte mais alta da cidade.
Porém era muito mal humorada e maltratava os escravos.
Um certo dia, ela perdeu a
visão do nada e chamou sua mucama:
- Bernadete, faça uma magia
para que eu volte a enxergar.
A escrava respondeu:
- Eu não lido mais com estas
práticas, pois me converti ao Catolicismo. Mas se a senhora rezar com fé para
Santa Luzia, a protetora da boa vista, sua visão voltará.
Tica comentou:
- Eu não sei rezar.
A mucama explicou:
- Não faz mal, pois eu lhe
ensino. Basta orar a ladainha desta santa, depois rezar quinze ave-marias e
fazer uma promessa.
A patroa teve uma ideia:
- Bem, se a minha visão
voltar ao normal, eu prometo construir um chalé bem alto e no sótão colocarei a
imagem de Santa Luzia numa janelinha. Além disto, também construirei uma capela
chamada Boa Vista no meu jardim em homenagem a este milagre.
Bernadete aconselhou:
. Agora, primeiro, vamos nos
ajoelhar. Neste instante, a senhora deve repetir as palavras que eu falar e depois
rezar comigo as quinze ave-marias:
- Santa Luzia, protetora da
boa vista, faça com que meus olhos voltem a enxergar.
- Ave –Maria...
A dona da fazenda obedeceu à
escrava.
Assim a cada ave-maria que
era rezada, um tanto da visão de Tica voltava aos poucos e no final os olhos
desta mulher estavam melhores do que na época em que ela enxergava normalmente.
Naquele exato momento, o comportamento de Tica mudou: ela passou a tratar , com
bondade, os escravos e seu humor melhorou muito.
Alguns dias depois, esta
idosa construiu um chalé de vários andares, onde os visitantes iam até o último
andar para admirar a visão da cidade e sempre exclamavam:
- Que boa vista!
Tica também construiu uma
capela chamada Boa Vista em homenagem à Santa Luzia.
Por isto, aquela região foi
apelidada de Boa Vista.
Porém, no ano de 1880, esta
senhora adoeceu e resolveu vender o sítio para um agricultor de cereais que
demoliu a capela e o chalé. Porém o apelido do local permaneceu até hoje: Boa
Vista.
Luciana do Rocio Mallon
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